São João
Assim, simplesmente João ou João Evangelista, era o discípulo amado de Jesus, o favorito, aquele que acompanhou o Mestre em todas as horas, era o caçula do grupo, dos chamados Apóstolos, aquele a quem Jesus, quando agonizante na cruz, virou para Maria e diz-lhe: “Mãe este teu filho”, e virando-se para João mandou-lhe: ”eis tua Mãe, cuida dela para mim”, como resultado João tomou para sim esta tarefa e cuidou mesmo de Maria até a sua morte em idade já avançada. Em certas ocasiões foi preso e junto com os outros apóstolos acusado e condenado a morte pelos Romanos, mais ele tinha certa proteção divina, e não sucumbiu, em uma dessas oportunidades foi jogado num caldeirão de óleo fervente e saiu ileso, sem nenhum arranhão. Após a morte de Maria, e somente após isso que João iniciou a sua tarefa evangelizadora, viajou muito, e finalmente estabeleceu-se na ilha de Patmos, então já tinha 103 anos de idade.e foi quando teve aquelas visões maravilhosas e escreveu o seu ultimo Livro: O Livro das Revelações, chamado também do Apocalipse, que embora alguns o achem de difícil leitura, na realidade é uma mensagem de esperança, após os conturbados dias dos últimos tempos. Ate porque todos sabemos que historicamente só acontecem grandes mudanças, após grandes eventos.
A Festa de São Joao
A Festa de São João, relembra mesmo o outro João: João Batista, quem teve a nobre missão de ‘batizar’ Jesus nas águas do rio Jordão, este homem que nasceu em 24 de junho e, através de suas atitudes na vida, trouxe a mensagem de que "devemos mudar nossos rumos para encontrar a luz", sugerindo que o caminho para isso é a meditação, a interiorização, a reflexão, pois São João nos ensina que todas as respostas estão e serão encontradas dentro de nós.
Essa mensagem nos leva ao conteúdo da festa que é a Sabedoria, a capacidade de aprender algo a partir de nós mesmos. Devemos trabalhar em nós a coragem para um julgamento interior consciente; visando nosso amadurecimento como pessoa. Pular uma fogueira, significa então pular, passar por certa etapa na vida, e seguirmos adiante.
Na época da Festa de São João, no nosso hemisfério, vivemos o inverno e o frio que favorece o recolhimento, a meditação, a necessidade de ficar quieto e em silêncio e se respeitarmos os momentos de recolhimento natural das crianças, tomando o cuidado para que o ambiente da casa esteja aconchegante, então estaremos permitindo que a criança viva intensamente esta festa.
Na Festa de São João existe o costume de acender a fogueira, imagem em que a luz simboliza a sabedoria, a luz interior e o calor do amor, representando o movimento da sabedoria capaz de iluminar o pensamento, aquecendo o coração.
Continuemos:
A festa de São João ocupa importante espaço no imaginário do brasileiro, particularmente do nordestino. É uma festa querida, com muita música, danças, forró, licor, caipiras, bandeirolas, tudo num arranjo alegre e colorido. Seguramente, para muitos é a principal festa do ano. Mobiliza crianças, jovens, adultos e idosos. Todos são tocados positivamente por ela. Integra com as festas de Santo Antônio, dia 12, e de São Pedro, dia 29, o calendário festivo do mês de junho. Também é o período das férias escolares do meio do ano.
Todavia, essa festa apresenta componentes que merecem análise e parecem incompatíveis com posturas ecologicamente corretas. A propósito, parece se fazer um silêncio cúmplice por parte dos movimentos e grupos ecológicos. Provavelmente, colocá-los em discussão equivaleria em fazer frente a valores históricos, de grande apelo popular e que vêm de longe no tempo.
O primeiro desses componentes é a fogueira de São João. Parece impensável um São João sem fogueiras, sem belas fogueiras. Em muitos lugares, particularmente em pontos das rodovias próximos às cidades, esperam por compradores dezenas de fogueiras montadas para esquentarem, brilharem e marcarem as festas nas casas e arraiais nas ruas das cidades e povoados. Aqui, a festa de São João se constitui num fator de corte de muitas árvores. Certamente, não será a fogueira nossa que irá salvar o planeta do desmatamento, do efeito estufa e dos problemas ambientais. Mas a nossa e a de todos os outros somam milhares talvez milhões de fogueiras e árvores que perderam o direito à existência. O problema é como manter viva a tradição do São João sem desmatar e sem queimar madeira? Como não destruir o encanto de São João? Realmente, é difícil resolver esse problema, no fundo, de ordem cultural. São João sem fogueira, no início, parece que fica mais pobre. No entanto, é preciso colocar na balança se nossa festa e nossa alegria precisa necessariamente do sacrifício de muitas árvores. Talvez, se nas escolas começarmos a mostrar o valor das árvores em pé, quem sabe não consigamos manter o calor, o brilho e a magia do São João sem sacrificá-las! Não precisa ser feito de sopetão. Aos poucos. Quem sabe? O tempo dirá. Aqui, os grupos ecológicos poderiam ter um importante ponto de educação ambiental. Isto porque essa também custa, exige um preço. Achamos que vale a pena pagá-lo.
É preciso que a tradição do São João surgiu e se consolidou num longo período de tempo. Nesse, havia muito mais florestas e árvores e muito menos gente e animais em criação do que do hoje. Hoje, a realidade e a consciência tem que ser outra, ainda que as coisas não precisem acontecer de uma só vez.
O segundo são as bombinhas. São a alegria da garotada. Aqui e acolá, todavia, sobram ferimentos graves em crianças e adultos e aqui e acolá explode um ponto de fabricação de fogos de artifício, legalmente, “clandestino”, com várias, às vezes, com dezenas de vítimas. Essas pessoas perderam suas vidas e arruinaram famílias porque a festa e o período das festas juninas estão fortemente associadas com explosão de bombas e bombinhas de São João. E haja barulho. Haja poluição sonora. Haja no ar o cheiro de enxofre. Haja fumaça. Mais uma vez, a festa de São João parece perder seu encanto sem o som das explosões, sem o cheiro no ar da queima das bombas misturado à queima da madeira e outras coisas. Todavia, em nome de uma consciência ecologicamente correta seria preciso libertar essa festa sobretudo dessa componente. A propósito, na Alemanha só é permitido o uso de fogos de artifício apenas num único dia do ano, no Reveillon. E lá também se comemora o São João, com fogueira, evidentemente.
Um terceiro componente são os balões. Responsáveis por incêndios em vários lugares e, não raro, com muitos prejuízos. São João parece não precisar desses balões e nem por isso deixou de ser São João e fazer a alegria de muitos. O fato dos balões mostra que é possível libertar o São João de suas componentes negativas, como o corte de árvores para a fogueira, mas sobretudo das bombas, mantendo seu lado bom. O desafio de uma nova educação ambiental nos contextos das festas juninas, especialmente do São João, exige a reconstrução ou a reinvenção do São João e das festas juninas, sob parâmetros ecologicamente corretos, sob o signo do novo século que está por vir. Aqui, soa estranho que haja pessoas e prefeituras disputando quem faz a maior fogueira de São João. Seguramente, esse não é um bom caminho na perspectiva da educação ambiental.