A Companhia de Jesus (do nome original em latim, Societas Iesu, que se abrevia S. J.), cujos membros são conhecidos como Jesuítas, foi fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados por Íñigo López de Loyola (Santo Inácio de Loyola). É hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionário e educacional.
Esta organização foi fundada como uma ‘resposta’ ao movimento iniciado por Lutero, a Reforma Protestante, cujas doutrinas se tornavam cada vez mais conhecidas na Europa, em parte graças à recente invenção da imprensa (que, por ironia do destino era também um invento alemão, ou seja de Gutenberg). O que ocasionava a expansão do Protestantismo de Lutero, a quem posteriormente somou-se Calvino. Por causa disso, foi criada dentro da Igreja Católica a chamada Contra-Reforma. Esta organização foi fundada como uma ‘reposta’ aos avanços protestantes. Os Jesuítas pregaram a obediência total às escrituras e à doutrina da igreja Uma das principais ferramentas dos Jesuítas era o retiro espiritual. No qual, várias pessoas reúnem-se sob a orientação de um padre durante um período que costuma ser de uma semana ou mais, meditando em silêncio enquanto atendendo a palestras e submetendo-se a jejum, preces e exercícios para se tornarem pessoas melhores. Os jesuítas conseguiram obter grande influência na sociedade nos períodos iniciais da idade moderna (séculos XVI e XVII) porque os padres jesuítas foram por muitas vezes os educadores e confessores dos reis dessa altura. (Ver D. Sebastião de Portugal, por exemplo). Os jesuítas foram uma força líder da Contra-Reforma, devido à sua estrutura relativamente livre, o que lhes permitiu uma certa flexibilidade operacional. Em cidades alemãs, onde teve o início essa Reforma Protestante, por exemplo, os jesuítas tiveram um papel batalhador, contribuindo para a repressão de quaisquer conflitos e revoltas inspiradas pela doutrina de Martinho Lutero. Assim, Munique ou Bona por exemplo, cidades que apesar de iniciais simpatias por Lutero, permaneceram um bastião católico, em grande parte pelo empenho de jesuítas.
Os primeiros jesuítas participaram ativamente do esforço de renovação teológica da Igreja Católica, frente à Reforma Protestante. No Concílio de Trento, destacaram-se dois companheiros de Santo Inácio (Laínez e Salmerón). Desejando levar a fé a todos os campos do saber, os jesuítas dedicaram-se às mais diversas ciências e artes: Matemática, Física, Astronomia... Entre os nomes de crateras da Lua nomeadas pelos cientistas da NASA, sempre tentando honrar grandes nomes da ciência, há mais de 30 nomes de jesuítas. No campo do Direito, Suarez e seus discípulos desenvolveram a doutrina da origem popular do poder. Na Arquitetura, destacaram-se muitos irmãos jesuítas, combinando o estilo barroco da época com um estilo mais funcional.
Expansão
As missões iniciais ao Japão obtiveram como resultado a concessão aos jesuítas do enclave feudal em Nagasaki em 1580. No entanto, devido a receios crescentes da sua grande influência, este privilégio foi abolido em 1587.
Dois outros jesuítas missionários, Gruber e D'Orville, chegaram a Lhasa, no Tibete, em 1661.
Em 1549 chegou à América do Sul o primeiro grupo jesuíta, composto por seis missionários liderados por Manoel da Nóbrega, trazidos pelo governador-geral Mem de Sá. As missões jesuítas na América Latina criaram controvérsias em Espanha e em Portugal, onde eram vistas como uma interferência na ação dos governantes. Pelo simples motivo de que: ”Os jesuítas se opunham abertamente contra à escravatura”. O jeito jesuíta de colonizar e catequizar era o que mais incomodava: Eles fundavam uma liga de cidades-estado, chamadas de Missões ou Missiones no sul do Brasil, ou ainda ‘Reduções’, no Paraguai, que eram povoações inteiras organizadas que cultivavam a lavoura e ainda faziam trabalhos manuais, de acordo com o ideal católico. Porem éstes eram sistematicamente perseguidos e destruídos principalmente pelos portugueses à cata de escravos .
Períodos agitados
Na seqüência de uma série de “Acordos” visando exclusivamente manter a hegemonia e ao fluxo de riquezas para a Igreja, o Papa acabou aceitando os argumentos da coroa portuguesa junto com a espanhola, e a traves de decretos assinados pelo papa Clemente XIV, incluindo o Breve "Dominus ac Redemptor" os jesuítas foram suprimidos em todos os países (exceto a Rússia, onde a liderança da igreja ortodoxa recusou reconhecer a autoridade papal). Nessa altura havia 5 assistências, 39 províncias, 669 colégios, 237 casas de formação, 335 residências missionárias, 273 missões e 22589 membros. Em Portugal, os Jesuítas já tinham sidos expulsos do país pelo Marquês de Pombal,
Houve também aqui uma manobra sem precedentes na Historia, pois ordens nesse sentido foram enviadas meses antes com instruções precisas de serem executadas numa data determinada ( e SOMENTE NESSA DATA), para assim ‘pegarem efetivamente todos eles’.... desta maneira em 3 de Agosto 1759 – Em uma operativa secreta, sincronizada e sem precedentes, são expulsos das Colônias Portuguesas na América os padres da Companhia de Jesús.
Em 1814, no entanto, é restaurada a Companhia no mundo inteiro pelo Decreto do Papa Pio VII "Solicitudo omnium Ecclesiarum".
Jesuítas famosos
A atividade educativa tornou-se logo a principal tarefa dos jesuítas. A gratuidade do ensino da antiga Companhia favoreceu a expansão dos seus Colégios. Em 1556, à morte de Santo Inácio, eram já 46. No final do século XVI, o número de Colégios elevou-se a 372. A experiência pedagógica dos jesuítas sintetizou-se num conjunto de normas e estratégias, chamado a "Ratio Studiorum" (Ordem dos Estudos), que visa à formação integral do homem cristão, de acordo com a fé e a cultura daquele tempo. Temos São Francisco Xavier que percorreu a Índia, Indonésia, Japão e chegou às portas da China. Também temos:João Nunes Barreto e Andrés de Oviedo que empreenderam a fracassada missão da Etiópia. E finalmente: Manoel da Nóbrega e José de Anchieta que ajudam a fundar as primeiras cidades do Brasil (Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro).
Outras considerações
Acima das inevitáveis ambigüidades, as missões dos jesuítas impressionam pelo espírito de inculturação (adaptação à cultura do povo a quem se dirigem). Ou seja: não tentavam impor pela força, e sim criar elos e despertar o interesse dos povos catequizados pela religião e culturas europeias. As Missões (ou Reduções) do Paraguai e na China, a adoção dos ritos ‘malabares’ dos chineses são os exemplos mais significativos.
Em tempo: Para aqueles que gostariam de ter uma idéia mais “visual” do trabalho dos jesuítas na América, existe uma bela obra (por incrível que pareça), na forma de um filme de Hollywood sobre o tema, e aconselho assistir:
TÍTULO DO FILME: A MISSÃO (The Mission, ING 1986)
DIREÇÃO: Roland Joffé
ELENCO: Robert de Niro, Jeremy Irons, Lian Neeson, 121 min., Flashstar
“A Missão” foi lançado, em 1986. O filme, dirigido pelo britânico Roland Joffé, com trilha de Enio Morricone, é riquíssimo. Como o nome indica, enfoca o trabalho de jesuítas na América Latina (no caso, na região onde hoje é o Paraguai e fronteira com o Brasil).
Ter fé e dedicar tempo, trabalho, conhecimento e a própria vida para fazer com que pessoas relegadas ao esquecimento possam atingir Deus. Superar o caos que tomou conta do cenário europeu em virtude do protestantismo de Calvino, Henrique VIII e, principalmente, Lutero. Fazer parte do exército de Cristo, sob o comando de Inácio de Loyola, e iniciar a Contra-Reforma (ou Reforma Católica) convertendo o “gentio americano” (os índios do Novo Mundo) aos ditames da Bíblia. Era mesmo uma tarefa digna de verdadeiros Hércules. Pois essa é a história que nos é contada no filme de Rolland Joffé, "A Missão", vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1986 (Melhor Filme). Contando a saga dos jesuítas que viveram na fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai, na região de Fóz do Iguaçú, onde se estabeleceram os Sete Povos das Missões. O filme contou ainda com uma direção de arte esmerada, figurinos que reproduzem fidedignamente o período retratado, uma belíssima fotografia e um roteiro qualificado produzido por Robert Bolt. O prêmio em Cannes foi conseqüência de todas essas qualidades. A história do filme nos mostra um caçador de índios daquela região, capitão Mendonza (Robert De Niro). Paralelamente a trama vivida por Mendonza, há o trabalho árduo dos jesuítas. Como o desbravamento de uma região virgem e inóspita, onde as densas florestas e os animais selvagens, constituíam obstáculos de difícil superação. Além das tramas que orientam os caminhos dos personagens principais, "A Missão" consegue mais, discute a questão da disputa que se travava na região pela posse das terras envolvendo Portugal, Espanha e a Igreja (ameaçada de despejo de suas Missões Jesuíticas). Esse acontecimento histórico que se desenrolou por aproximadamente cem anos e foi discutido largamente em diversos acordos entre portugueses e espanhóis.