sexta-feira, 27 de junho de 2008

Water

Ontem a noite, voltei á assistir o filme “WATER” do diretor Deepa Mehta. O filme é uma produção conjunta Índia/Canada. Mostrando os costumes na India, ambientado na década de 30, época turbulenta nesse pais, e de grandes transformações devido á Mahatma Gandhi, na sua luta pelo Satyagraha. Dai endiante, durante mais de uma dezena de anos, Gandhi irá disseminar a desobediência civil através da “resistência passiva” por toda a Índia, tendo a “Marcha do Sol” como um dos momentos cruciais.

Neste pano de fundo, o filme conta a história da menina, de nome "Chuyia" de 8 anos. Que, pelos cânones da época, já é viúva, sem nunca ter conhecido o marido. (ele, também um garoto, morre sem muita explicação), mais já estava prometido e 'casado' com Chuyia, assim, e de acordo com a tradição, Chuyia fica viúva, e por tanto, é enviada para uma casa que acolhe viúvas -uma casa onde estas são obrigadas a ficar- isoladas da sociedade, até ao final das suas vidas, sem que possam alguma vez voltar a casar. Na concepção religiosa dos Hindúes da época, com a morte do marido, a mulher assumia uma condição de meia-morta, como se a mesma tivesse de certa forma falecido juntamente com ele. Chuyia não se adapta a essa condição, apesar de ainda muito jovem, e ela passa a ser quem induz a uma reflexão acerca da condição de vida daquelas mulheres.

Em um momento determinado, ela já jovem, conhece um seguidor de Gandhi, que por ser também 'rebelde', e que não aceita essa imposição ás viúvas, acaba se encantando com ela, no diálogo ela pergunta porque ela tem que ser e viver assim, e ele responde com um belo trecho esclarecedor: "tudo é uma questão de dinheiro", -você viúva representaria uma despesa para a família do seu marido, então essa tentativa de se desfazer de um 'fardo', está camuflada baixo o rótulo de "coisa da religião"- 

Um filme belo, que mistura  reflexão e meditação daquelas mulheres acerca da opressão que vivem - uma revolução cultural, pessoal, junto ao avanço das idéias libertadoras de Ghandi, que no período em questão, ainda encontra-se em liberdade e em peregrinação pela Índia – na sua empreitada de paz, na sua revolução social...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Johannes Brahms

Quem não ouviu alguma vez uma obra este grandioso musico?. Pode ate ter acontecido sem saber exatamente de quem se tratava....Johannes Brahms foi um musico do chamado Período Romântico, e segundo o maestro Hans von Bülow foi comparado com Beethoven e Bach, as três “B” da  musica alemã e o melhor da época. Mas não nos enganemos, embora ele fosse contemporâneo de Beethoven, não queria ser comparado com ele,..e não é mesmo..pois acho que foi o Romântico por excelência, suas musicas tem um certo ‘corpo’, podem ser ate tangíveis, de tão profundas e harmoniosas, delicadas,  belas...uma autentica ode ao amor.

Definitivamente, sou fã de Johannes Brahms, sua música me transporta, me inspira, me toca.

Quando conheceu Eduard Reményi, violinista húngaro, aprendeu sobre a intensidade  da música cigana, o que acabou acrescentando novos acordes para sua música. Mais o melhor na sua vida aconteceu quando foi apresentado aos Schummam. Em sua casa em Düsseldorf, no ano de 1853, Robert e Clara Schumann o receberam como gênio. Robert além de renomado musico  era o Editor de uma Revista Musical e logo escreveu um famoso artigo na Nova Gazeta Musical, intitulado Novos Caminhos, onde Brahms era chamado de "jovem águia" e de "Eleito". O que acabou impulsionando sua carreira e seu prestígio. Clara Schumman se destacou como uma notável influencia na vida dele, como musica e professora, sabia indicar caminhos e maneiras de conseguir acordes, o que fez dele um grande admirador dessa incrível mulher.  Os dois artistas eram defensores ferrenhos da estética romântica ligada a um padrão mais formal, e opositores de estilos como os de Wagner e Liszt.

Ele sem dúvida alguma, compôs s suas melhores obras inspirado no amor que sentia por Clara. O que acabou nos trazendo as mais belas passagens da estilo conhecido como “Romântico”. Ele era metódico, um perfeccionista, podia demorar anos para acabar uma obra, pois ele mesmo não estaria satisfeito com este tom ou sobre tom, foi assim que sua Primeira Sinfonia só foi apresentada quando ela já tinha 40 anos, ansiosamente guardada. Foi um grande sucesso e Brahms ficou marcado como sucessor de Beethoven - o grande regente Hans von Bülow até apelidou a sua sinfonia de “Décima”.

Clara Schumann notou que a grande obra dele: sua Primeira Sinfonia refletia exatamente a sua natureza. Ela achava que o movimento final, era exuberante e excessivamente luminoso,  asim como ficou encantada com esta obra, ao mesmo tempo, na epoca de Segunda Sinfonia dele, ela ficou meio que relutante em aceitá-la. O irónico é que atualmente, essa obra é considerada uma das mais inspiradas e luminosas do movimento 'Romántico', embora muitos a considerem, de todas as obras de Brahms, melancólica demais. Reinhold Brinkmann, em um estudio em relaçao ás ideias do Século 19 acerca da melancolia e romantismo, e estudando a 'Symphony No.2', encontrou e publicou uma reveladora carta de Brahms endereçada ao compositor e conductor Vinzenz Lachner na qual ele confessa o lado melancólico da sua natureza e comenta os movimentos específicos na sua obra, que refletem isso. Era uma maneira de gritar o seu amor por Clara!

Ele era mesmo, tudo o contrário de Wagner, que era extremamente radical e até espalhafatoso demais.. De tão perfeccionista e dedicado aos detalhes que ele era,  chegou a destruir obras inteiras, por achar que estavam ’inacabadas ainda’... Já imaginaram?  uma Obra de Brahms imperfeita?, uma verdadeira pena!. Ele ficou amigo e companheiro do casal Schummam ate a morte de Clara, quem pela sua vez tinha ficado viúva recentemente. Após isso, permaneceu solteiro dedicando-se as suas viagens, especialmente á Itália. 

A última obra orquestral de Brahms é o Concerto Duplo, para Violino e Violoncelo. É uma de suas obras mais apaixonantes. O diálogo entre os solistas no movimento lento é um dos pontos altos de toda sua produção, e vale como um resumo de sua obra: os mais complexos e contraditórios sentimentos são aqui pintados em delicados meios-tons. Como bem disse Romain Goldron, "nada é deixado ao acaso nessas páginas onde reinam as penumbras, os meios-tons, os mistérios da floresta, na qual, a todo instante, parece que vamos nos perder".


terça-feira, 24 de junho de 2008

OS MITOS DA INTERNET

Rating:★★★★★
Category:Other
Os computadores e as redes de informação chegaram para ficar. Esses mecanismos trouxeram ganhos para os negócios, para a educação e para a vida privada, mas os benefícios -e problemas- ainda por vir estão seguramente além de nossa imaginação. Mesmo assim, poucos avanços em nossa cultura desfrutaram tanta isenção de análise lógica como a loucura pela Internet. Apesar de sinais claros de que a rede mundial de computadores não sobreviverá como uma estrutura monolítica de informação, a moda continua como uma força indomável a devorar tudo em seu caminho [estas palavras foram publicadas em julho/agosto de 1998].
A confluência de propagandistas da "teologia Internet", também conhecidos como "Gee-Whiz", no original, (algo assim, como: " minha-nossa!") vem obtendo notável sucesso ao vender suas idéias para jornalistas, personalidades políticas e grande parte do público. Essa "teologia", no entanto, está equivocada na essência, distorcida por filtros do pensamento tecnológico e pelos valores arraigados da classe média alta ( que foram no final de contas, quem começou isto tudo) . Além disso, ignora uma visão mais ampla de cultura, necessidades humanas e necessidades empresariais.
A maioria dos benefícios atribuídos à atual estrutura da Internet por esse grupo de pessoas provavelmente está idealizada demais, e não se concretizará. Há pelo menos dez mitos sobre a rede mundial de computadores que são amplamente aceitos, mas que não se confirmam na prática.

OS DEZ MITOS

Mito nº 1: todos estão usando a Internet. Os propagandistas da rede reivindicam uma população on-line de 66 milhões ou mais de pessoas. Mais, atenção! não podemos incluir nesse numero os pessoas que trabalham com as Redes Corporativas, pois essas redes funcionam apenas em função do intercambio de dados comerciais entre os diversos escritórios, estamos falando de pessoas conectadas apenas como diversão... Então, não acredito nem por um segundo nesse número. Sem comprovação, é difícil validar qualquer alegação do gênero, embora a maioria das pessoas pareça aceitá-la sem questionamento. Isso inclui apenas as contas ativas da Internet ou todas as pessoas que possivelmente estariam conectadas? Qualquer um com um microcomputador e um modem? A família toda, se houver um micro na casa? E que padrão de atividade define um usuário? Diário? Semanal? Mensal? Uma vez na vida? Até Andrew Grove, presidente da Intel e respeitado guru da revolução digital, reconheceu que se conecta à Internet "talvez duas horas por mês". A cobertura jornalística passa a impressão de que todo adolescente dos Estados Unidos navega pela rede, o tempo todo!. Pois é, estamos ainda longe disso.

Mito nº 2: o número de usuários crescerá sem limites. Esse é um caso claro de projeção prematura. É a mesma psicologia que impulsionou todas as ondas imobiliárias, as euforias dos mercados de ações e loucuras históricas como o "Surto das Tulipas" da Holanda da década de 1630 ou o "O Conto do Mar do Sul", no Reino Unido de 1720. Nada deve ser elevado aos céus, e quem não entende o Princípio da Curva em “S” acaba aprendendo na prática.

Mito nº 3: a Internet será a "grande força democratizante". Na verdade, ela pode ter efeito exatamente oposto. Ela pode aumentar a disparidade entre os que têm e os que não têm. Apesar dos comerciais politicamente corretos que mostram uma encantadora menininha negra na África se conectando à Internet, os pobres e os desnorteados não serão alçados de suas circunstâncias econômicas pelo computador ou pela Web. Eles estão presos a um paradigma muito diferente. Oras!. Ficar conectado custa caro: alem de ter um bom PC, temos o custo da assinatura mensal do proveedor, mesmo que seja internet discada, tem o seu custo, que inclui deixar a linha muda durante várias horas, sem ninguém mais podendo se comunicar nessa residência. A visão da classe média alta de que tudo que é preciso fazer é "dar-lhes computadores" cheira novamente a Demagogia. É o equivalente cibernético de "que comam tortas".

Mito nº 4: a Internet é uma comunidade mundial.Um famoso pôster do personagem de quadrinhos Dilbert pergunta: "E se Deus for a consciência que se criará quando um número suficiente de pessoas estiver conectado à Internet?". Esse é um pensamento fanático da mais alta perversidade e pode até passar por todos os testes de admissão à mentalidade dos cultos religiosos de xiitas, ou seja: de fanáticos! . Aí está uma demonstração perturbadora da visão mundial narcisista e auto-suficiente dos que se consideram “iluminados”, só pelo fato de estarem ‘conectados’, uma irmandade especial detentora de segredos não acessíveis aos comuns dos mortais. À medida que a Internet começar a se "desconstruir" e seus clientes mais prezados forem para outro lugar na inevitável busca da qualidade, a única "comunidade" restante será a dos pedófilos,, pervertidos, pornografistas, cafetões, piratas e uma miscelânea de desnorteados e descontentes. Leia-se racistas. Pois hoje em dia esses são mesmo os Tipos de Sites mais vistos pela Internet: sexo e pirataria....

Mito nº 5: a rede mundial revolucionará o marketing. Nem que a vaca tussa...! Esse é o mais sagrado dos cânones da "teologia Internet" e é também o menos provável de se concretizar. Na maioria, os que vendem coisas online são pessoas da Internet negociando umas com as outras. Com poucas exceções, o marketing das homepages, o marketing de mala direta em massa e as compras on-line são - e continuarão sendo - uma grande sonolência. Tudo o que for dito ou publicado em contrário, é apenas propaganda enganosa...Muitas das grandes empresas encaram sua página corporativa na Internet como um tipo de modernidade, um modismo ligeiramente mais sofisticado. Sem resultados palpáveis e estonteantes.

Mito nº 6: a Internet eliminará os intermediários. Presumivelmente cada uma dos 40 milhões, 50 milhões ou 100 milhões de pessoas na Internet pode fazer negócios diretamente com cada uma das outras. Se você quiser vender seu carro, basta mandar uns 10 mil anúncios por correio eletrônico e os interessados irão até sua página na Web e ver o seu carro. Isso pode até funcionar em uma população ao redor de mil pessoas. Mas com milhões de usuários o engarrafamento de informações seu Site ficará fora-do-ar e com travamentos, o que faz ainda do classificado de US$ 5 no jornal uma opção melhor. Esse mito é um exemplo típico da aplicação do pensamento da "Segunda Onda", ou seja, marketing de massa, em um fenômeno de "Terceira Onda", de marketing personalizado. É como um gigantesco programa de entrevistas sem entrevistador. A vasta gama de fontes de dados da mais alta qualidade por si só aumentará a demanda por intermediários, em vez de reduzi-la.

Mito nº 7: a informação digital eliminará os livros. Uma das lojas mais conhecidas da Web é paradoxalmente uma que vende livros (a Amazon). Suas vendas estão subindo constantemente em quase todos os gêneros, e os clientes continuam transbordando nas megalivrarias. Enquanto isso, quase todos os principais editores de CD-ROM vêm acumulando prejuízos. Os clientes parecem nem ligar e isso levou as empresas a cortar investimentos nos produtos digitais não-impressos. Quais os poucos produtos de sucesso em CD? Os jogos!. A Web é um meio de entrega ideal para material de contracultura de todos os tipos, como manifestos anarquistas, software pirateado e outras falsificações, além da vociferação dos descontentes que sofrem da síndrome de inadequação. As editoras comerciais fornecem exatamente o que os amadores não conseguem, ou seja, produtos de informação bem concebidos, bem produzidos e de alta qualidade que exigem talento e investimento. Os livros continuarão existindo, por razões tanto humanas como comerciais.

Mito nº 8: todos vão poder se tornar editores. Isso, infelizmente, é verdade. Contudo, apenas se definirmos "edição" em termos bastante restritos. O presidente dos Estados Unidos tem uma homepage. A Nasa idem e a Associação Americana de Amor ao Menino-Homem também. O mesmo vale para o assassino Charles Manson. E para Eduardo Malvern. Você não conhece Malvern? Nem eu.... A Internet está em um estágio terminal de poluição de informação exatamente porque qualquer vagabundo pode despejar suas porcarias no rio cada vez mais cheio de ciberlixo. É a Lei da Informação de Gresham, e seus efeitos já são aparentes. A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que estendeu a proteção da Primeira Emenda da Constituição aos operadores de sites que divulgam material pornográfico on-line para crianças, fará mais para apressar o declínio da Internet em sua forma atual do que qualquer lei que o Congresso possa promulgar. Essa mesma "democracia" condenará a Internet ao papel de parque de diversões digital. Os sites terão toda a liberdade de expressão que quiserem e os fornecedores de produtos on-line de qualidade ficarão com todos os clientes de maior discernimento. Os especialistas universitários que construíram a Internet original estão trabalhando na "Internet 2" para atender a suas necessidades específicas. Preste atenção também no importante papel que as bibliotecas públicas desempenharão quando a qualidade se tornar um fator decisivo. Albert Einstein uma vez comentou: "Eu aceito a alegação de que um espertinho é 'tão bom quanto' um gênio, mas não concordo que dois espertinhos sejam 'melhores' do que um gênio".

Mito nº 9: o NetPhone (Voip, Skype, etc) acabará com as companhias telefônicas de interurbanos. A perspectiva de ligar um microfone em seu computador e conversar com seus amigos do mundo inteiro a um custo praticamente zero é propalada por várias companhias que fabricam tais produtos. No entanto, o desempenho desses produtos está indefinidamente comprometido pela estrutura técnica da rede, e a alegada vantagem de custo parece mais uma miragem. O uso intenso da Internet já é considerado abuso dos serviços telefônicos locais. Os usuários não pagam um centavo às companhias pelo acesso. O dinheiro vai para os operadores de computador e a maioria cometeu o erro fatal de oferecer tempo on-line ilimitado por uma quantia mensal fixa. Ilimitado, para muitos viciados em Internet, significa 24 horas por dia. Muitos deles deixam o computador e o programa conectado mesmo quando saem de casa, estrangulando as linhas telefônicas de tal forma que outros clientes não podem fazer chamadas. As telefônicas locais e outras compatibilizarão o preço do serviço para recuperar seus custos. O NetPhone continuará sendo um brinquedo de fanáticos, mesmo que suas limitações técnicas sejam superadas.

Mito nº 10: o NetComputer ou (PC popular de 100R$) será a próxima grande revolução. O computador da Internet, ou NetComputer, ou NetPC, será um brinquedinho de baixo preço e capacidade pequena. O usuário se conectará à rede e utilizará o software residente instalado em computadores distantes. As informações desejadas chegarão embaladas em seu respectivo programinha, que se ativa no momento da chegada, executa as funções necessárias e, então, desaparece. Esse conceito tem brechas demais para serem enumeradas rapidamente. Sua falha fatal, no entanto, é que ele é um produto político, bolado por um grupo de executivos do Vale do Silício para quebrar o domínio mundial da Microsoft no mercado de software. Seus defensores aprenderiam uma difícil lição sem muitos problemas se estudassem um produto lançado pela IBM no início da década de 80 chamado PC Junior. Era um projeto modesto, de baixo custo, que se parecia mais com um brinquedo do que com um computador. A suposição de que uma multidão estava esperando por computadores domésticos quando os preços baixassem não se confirmou. Após uma campanha publicitária fracassada que trazia até um personagem de Charles Chaplin e criancinhas encantadoras, a IBM enterrou a idéia, junto com US$ 100 milhões do investimento. Destino semelhante aguarda a tão propalada Web-TV, uma tentativa de vender um produto barato que transforma a TV em um computador, ou vice-versa.

A TERRÍVEL VERDADE
A realidade nua e crua é que nem todo mundo no planeta aprecia um computador ou está delirando para "navegar pela Net". Na verdade, a maioria nem quer isso.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

JOAO GILBERTO NO CARNEGIE HALL

Rating:★★★★★
Category:Music
Genre: Other
Artist:Jõao Gilberto
O homem, uma cadeira, um violão. Nada de jogos de luz, cenografia ou efeitos
especiais. Era só João Gilberto, que repetiu timidamente seu ritual de décadas no palco do Carnegie Hall na noite de domingo para rezar a fina liturgia da Bossa Nova.

No ano em que o movimento musical completa 50 anos, Gilberto voltou ao palco do teatro nova-iorquino que ajudou a espalhar o ritmo para o mundo e fez dele um ícone. Foi aplaudido em pé logo na entrada. Destilou 22 músicas em pouco menos de duas horas, misturando, como esperado, sambas antigos que dão saudade da Bahia e sucessos que refletiam os romances de um Rio de Janeiro idílico e urbano no final dos anos 1950 e começo dos 1960.

Cabisbaixo, ele simplesmente sentou-se sem olhar para aquela plateia lotada que o observavam com veneração e disparou "Doralice", de Dorival Caymmi, seguida dos clássicos "Chega de Saudade" e "Corcovado". De olhos quase sempre fechados, seguiu em frente com "Morena Boca de Ouro", de Ary Barroso, e "Preconceito", sucesso dos anos 1940 na voz de Orlando Silva.

Cantou então uma composição sua -- "O Pato", que gerou aplausos logo na introdução, assim como no início de várias outras músicas, e "Aos Pés da Santa Cruz", um samba de Marino Pinto e Zé da Zilda. Hora de começar a oitava música, hora de pedir ajustes técnicos. "Desculpa, um pouco mais de violão", disse Gilberto sussurradamente em inglês ao microfone.

E o show continuou, com a platéia contida para não atrapalhar o gênio. seguiram-se "Caminhos Cruzados" ("Quando um coração cansado de sofrer, encontra outro coração, cansado de sofrer"...), "Samba de Uma Nota Só" e "Estate", em italiano.

Mas quem estava começando a sofrer no palco era ele.

"Obrigado. Desculpa falar, tem um ventinho aqui na minha cabeça, me deixa um pouco afônico", disse o cantor. "Uncomfortable (desconfortável)", acrescentou.
João Gilberto teve que reclamar novamente e esperar mais algumas músicas -- "olha o meu ventinho outra vez" -- para que o ar-condicionado fosse desligado, e ele pudesse prosseguir tranquilo.

Fez mudanças sutis em tudo o que cantou. Subtraiu compassos, acelerando ou desacelerando o andamento da música. E se "Samba de Uma Nota Só" é apenas um sambinha de uma nota só, a complexidade harmônica com a qual a envolveu é a melhor tradução da arte que só João Gilberto consegue fazer.

Em diversos momentos, simplificou ainda mais a batida que criou, fazendo do violão apenas uma guia para sua requintada ginga vocal.

Também brincou com letras. Em "Lígia", excluiu o nome da musa de Tom Jobim, fazendo com que soasse conhecida e ao mesmo tempo diferente. Do compositor mais famoso da bossa nova, cantou também "Samba do Avião" e "Desafinado", esta última parceria com Newton Mendonça, entre outras.

Nessa altura, a platéia já enfrentava calor no Carnegie Hall (lembremos que lá esta em pleno verão), mas continuava vidrada. Gilberto se levantou depois da vigésima música e, ovacionado, saiu de fininho.

Hurras!..e BIS!!, bis!!! .. Voltou rápido para o bis, e disse que iria cantar uma música da sua infância. Era uma versão de Braguinha em português para "God Bless America", de Irvine Berlin, demais!... uma loucura!!
e terminou a noite com o clássico dos clássicos, "Garota de Ipanema".

Precisa acrescentar alguma coisa????

........

Pois saibam:.... e confesso..eu chorei!



Nota no rodapé...para aqueles que ainda nao sabem do porquê, nao tem mais discos dele lançados no Brasil, Favor LEIAM aqui: http://volperine.multiply.com/journal/item/237

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Velasquez, o Mestre do BARROCO

Para aqueles que abriram o Google hoje, e repararam a homenagem feita ao pintor espanhol Diego Velasquez....

Este interesante, brilhante, e muito analizado e comentado pintor, Diego Velasquez (1599-1660) nasceu em Sevilha.  Foi discípulo, e posteriormente casou com a filha dele, ficando então genro, de Francisco Pacheco (1564-1654 - um pintor, filósofo, poeta e teórico de arte). Por volta de 1600, Velásquez mal completava um ano de idade, Rembrandt, o gênio holandês, nasceria seis anos após, todavia, um ano depois, na França, nasceria Luiz XIII. Surgiu o escândalo na arte provocado pelo italiano Caravaggio, de quem o seu mestre era um admirador. Este pintor retratava quadros muito dantescos, sanguinolentos, fúnebres. O estilo dele dá lugar ao movimento (subterraneamente desencadeado pelo Renascentismo), ou melhor dizendo, a sua conseqüência, o estilo Barroco.

Velásquez adotou esse estilo, porem com seu inconfundível toque pessoal fez ele ficar mais iluminado, mais detalhista, mais caloroso e prazeroso de se admirar...pintou As Meninas (mostrado lá encima) em 1656, uma das obras mais emblemática da cultura européia frequentemente comentada e analisada. Nela, mostra o realismo, as ricas cores, a luz, a sombra, (o estilo de iluminação é uma característica peculiar de Velásquez), assim como sua capacidade para localizar seus assuntos no espaço, com uma qualidade quase fotográfica.Ele também introduziu o auto-retrato e sua técnica de quadro dentro do quadro. Em seus primeiros trabalhos é possível notar contraste entre zonas escuras e zonas iluminadas por um único foco de luz, uma tentativa de ressaltar volumes e relevos. Esta técnica era característica do tenebrismo e tinha como inspiração e principal artista o italiano Caravaggio, muito conhecido pelo seu sarcasmo.

Comentário de Michel Foucault, escrito em As Palavras e as Coisas. (Michel Foucault  filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France e criador da Filosofia do Conhecimento). «O Pintor, ligeiramente afastado do quadro, contempla o modelo; talvez se trate de dar um último toque, mas também é possível que ainda não tenha aplicado a primeira pincelada. O braço com que segura o pincel está voltado para a esquerda, na direção da paleta, e detém-se, um instante entre a tela e as cores.....»

Ele pintou ao tudo 53 pinturas, todas extremamente realísticas, quase fotográficas...tanto que, é um prazer observar elas.

O realismo de Velásquez faz sua fama:  Em suas tarefas cotidianas surpreendidos pela presença súbita de uma divindade qualquer, um menino trazendo nas mãos uma garrafa e uma abóbora enquanto a sua mãe frita ovos, no maravilhoso quadro intitulado “A Refeição”, aqui embaixo:

A luz, antes tão bem utilizada para destacar as expressões da plebe, possui agora outra utilidade. Os modelos são gente da corte, senhoras, damas, cortesãos, infantas,  eclesiásticos e que obrigatoriamente deveriam possuir traços finos mesmo se a natureza lhes foi cruel (como é o caso de Inocêncio X, onde Velásquez não podendo evitar o físico grotesco do Papa, apela para seu quase esquecido claro-escuro, ressuscitando-o de forma magistral, fazendo com que o espectador esqueça a fealdade do pontífice).

Entre 1649 e 1651 esteve na Itália onde pintou o retrato do papa Inocêncio X, algumas paisagens e o seu famoso quadro da Vênus no Espelho , o único nu feminino que lhe é atribuído.  Neste quadro “Vênus Olhando-se no Espelho”  foi tão detalhista e usou muito bem a luz,  que até gerou uma certa polêmica na época, pois não era comum retratar nu feminino, nem mesmo de uma figura mitológica:

Observe também a municiosidade dos detalhes, e a riqueza dos mesmos, especialmente, quando retratava algums membros da fidalgia da corte espanhola, copmo pode apreciar-se no quadro da “Infanta Margarita de Áustria”, logo aqui: