
Filósofo, astrônomo e matemático, importante pelas suas teorias sobre o universo infinito e a multiplicidade dos sistemas siderais, e que rejeitou a teoria geocêntrica (a Terra era o Centro do Universo e não o Sol), então a mais tradicional teoria, e que ousava debater a teoria heliocêntrica de Copérnico (O SOL como centro do nosso sistema solar). Pode-se dizer que Bruno estava interessado na natureza das idéias e do processo associativo na mente humana. Embora tais campos não existissem ainda na ciência da época. Por se fosse pouco: era fascinado em prover uma base filosófica as grandes descobertas científicas de seu tempo. Sua principal Obra: “A Metafísica do Infinito”
...... O temível cortejo saindo da prisão da Inquisição ao lado da Igreja de São Pedro, em Roma seguiu pelas ruas até chegar no Campo dei Fiori, uma praça onde uma enorme pilha de lenhas amontoava-se ao redor de uma estaca. Era a fogueira que iria abrasar vivo o filósofo Giordano Bruno. Trouxeram-no com a boca amordaçada pois temiam que ele pudesse dirigir algumas palavras (que julgavam perigosas) ao povo que se juntou a sua passagem. Ao oferecerem-lhe o crucifixo para o beijo derradeiro, revirou os olhos. Em minutos, ao embalo das preces dos monges de San Giovanni Decollato, o verdugo jogou uma tocha na base da pira que num instante devorou o corpo. Estava feito. Era o dia 17 de fevereiro de 1600.
O Santo Ofício prendera-o oito anos antes em Veneza, onde respondeu ao primeiro processo que a Inquisição lhe moveu. Sabe-se com detalhes deste episódio porque a documentação chegou a ser publicada em 1933 por Vicenzo Spampanato. Para os seus admiradores, Giordano Bruno, que vivia no exterior fazia muito tempo, teria retornado à Itália em razão de uma cilada: Uma dupla de livreiros, atendendo a um desejo de um nobre veneziano chamado Giovanni Mocenigo, ao encontrar Bruno na Feira do Livro de Frankfurt (que já existia naquela época) na Alemanha em 1590, convidou-o para vir a Veneza a pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, na qual ele era um perito. Uns tempos depois da sua chegada, e devido a um áspero desentendimento, Mocenigo trancou-o num quarto da sua mansão e chamou os agentes do fatídico ‘tribunal’ da Inquisição para prende-lo, acusado de heresia. Encarceraram-no na prisão de San Castello no dia 26 de maio de 1592.
Na primeira vez em que o interrogaram, Bruno conciliou. De nada lhe serviu. O Santo Ofício de Roma, alegando soberania sobre o de Veneza em casos de heresia, exigiu que, mesmo a contragosto, seja enviado Bruno preso para Roma. Enquanto não se deu o translado, além de terem-no torturado, colocaram-no num espantoso calabouço, um poço imundo, úmido e escuro como breu, cavado num porão a beira do canal. A viagem a Roma, ainda que acorrentado, deve ter-lhe sido um alivio.
Em 27 de fevereiro de 1593 ele chegou à prisão papal. Seguiu-se então um longo e morosíssimo processo, onde os inquisidores não sabiam bem o que fazer com ele. Interrogou-o o jesuíta Roberto Bellarmino que anos depois, em 1616, já cardeal, iria acusar também a Galileu Galilei...! Bellarmino foi finalmente canonizado pelo Papa Pio XI em 1929, e declarado Doutor da Igreja Universal em 1931. É o padroeiro dos catequistas(???). Ele que nada de útil para a humanidade fez, a não ser condenar muitos á fogueira e, entre eles nosso herói Giordano Bruno....
Sujeitaram-no a vinte e uma entrevistas. Ocorreu que nestes anos em que passou encarcerado, Bruno mudou sua posição. O confinamento, a má comida, o frio permanente, e a constante espionagem dos seus vizinhos de cela (nos processos encontram-se citados mais de cinco testemunhos deles), ao invés de enfraquecerem-lhe o ânimo, tiveram um efeito contrário. Além de aumentar o seu desprezo pela Igreja, endureceu-lhe a posição: "não creio em nada e não retrato nada, não há nada a retratar e não serei eu quem irá se retratar!". Infelizmente não foi esse o entender definitivo da Congregação do Santo Ofício que reuniu-se em 21 de dezembro de 1599, presidida pelo papa Clemente VIII.
"Os padres teólogos", determinava o documento final, "deverão inculcar no dito frade Giordano (Bruno era frei dominicano, mas não mais vinculado a ordem), que suas proposições são heréticas e contrárias à fé católica... Se as rechaçar como tais, se quiser abjurá-las, que seja admitido para a penitência com as devidas penas. Se não, será fixado um prazo de 40 dias para o arrependimento que se concede aos hereges impenitentes e pertinazes. Que tudo isso se faça da melhor maneira possível e na forma devida".
Exigia-se a sua rendição final: abjurava e o deixavam vivo, ou o excomungavam e o entregavam ao braço secular para que o executassem, "sem que o sangue fosse derramado", isto é, o queimassem. O papa esperava um triunfo. A capitulação de Bruno teria um notável efeito propagandístico num ano da "graça" como o de 1600. Ele rejeitou. Conduziram-no então à praça Navone para escutar a sentença no dia 8 de fevereiro. Ajoelhado em frente a nove inquisidores e ao governador da cidade, depois deles tirar a mordaça, disse-lhes: "vocês certamente têm mais medo em pronunciar esta sentença do que eu em escutá-la!"
Talvez ele recordasse naquele instante derradeiro as palavras que certa vez escrevera num momento de profunda melancolia: "Vejam", prognosticou ele, "o que acontece a este cidadão servidor do mundo que tem como o seu pai o Sol e a sua mãe a Terra, vejam como o mundo que ele ama acima de tudo o condena, o persegue e o fará desaparecer". Bruno, morto aos 52 anos, tornou-se um mártir do livre-pensamento e um símbolo da intolerância da contra-reforma da Igreja Católica.
("Ainda que isso seja verdade, não quero crê-lo; porque não é possível que esse mundo criado pelo Papado possa ser compreendido pela minha cabeça, nem digerido pelo meu estômago..." )
~Búrquio, num diálogo sobre o ‘julgamento’ de Giordano Bruno, 1584~
Revolta-me a maneira como os Homens mancharam a lembrança de Deus naqueles tempos de Escuridão.
ResponderExcluirA Igreja com todo aquele poder....
Aquela hipocrisia....blergh
Uma curiosidade....então é por isso que queimavam?
Pra nao derramar sangue?
Porque?
Porque seria pecado?
Ou alguma supertição quanto ao sangue 'ATEU' derramado?
Ler sobre os métodos de tortura, seus instrumentos e motivos é de embrulhar o estômago...
ResponderExcluirA inquisição não é a única mancha negra da Igreja, é a pior de todas. E que existe até hoje. Claro que adaptada ao tempo atual e muito mais branda. Mudou de nome algumas vezes e hoje tem um papel mais de censura do que a Igreja considera ser contra sua ideologia.
Realmente mudou de nome - era o cargo exercido pelo homem que foi eleito Papa recentemente. Branda? Ainda prendem, sequestram, perseguem, torturam... não matam mais com a fogueira, mas com a perseguição contínua e inexorável. Exemplo? Que tal Leonardo Boff até hoje perseguido e vilipendiado pela Igreja através dos mais sutis mecanismos de que hoje a "Santa Madre" dispõe...
ResponderExcluirDepois de lermos tudo isto.. vem o pensamento, de que adianta a Igreja pedir perdão de seus atos passados? Isto não muda a história de vidas destas pessoas nem o curso da propria história...e como dsseram ai a cima, mudam-se os nomes e as posturas..ms continuam ditadorias.
ResponderExcluirbeijusssss
Ao meu ver comparado à Inquisição é branda sim Murilo, o que faziam era realmente monstruoso. Concordo que a perseguição ao Boff não é uma coisa legal, mas está longe de uma marcação em ferro em brasa, torturas físicas e uma fogueira no final.
ResponderExcluirDesconheço casos atuais de prisões, sequestros, mortes e torturas por parte de padres, bispos ou cardeais. Algum exemplo? Fiquei até curiosa...O que temos conhecimento e que é horroroso também, mas não tem a ver com ideologia ou questionamento da fé, são os casos dos padres pedófilos. Mas aí é outra história...