domingo, 24 de julho de 2005

A MUSA


Eu a quero mutante, misteriosa e complexa;


Com dois olhos de abismo que viram apiários;


Na sua boca uma fruta perfumada e vermelha


Que instila mais mel que os claros apiários.


 


Por vezes nos assalte um ferrão de abelha: uma que provoca arrancos ferozes e gestos imperiais


E surpreenda no seu riso a dor de uma queixa


Nas suas mãos assombrem carinhos e punhais!


 


E que vibre, desmaie, chore, grite e cante,


E seja águia, tigre, pombo em um instante.


Que o universo caiba nas suas ânsias divinas;


 


Tenha uma voz que gela, que levante, que inflame,


E uma frente erguida que sua coroa reclame


De rosas, de diamantes, de estrelas e de espinhas!


 


Ela: a minha MUSA!


 


Obs: Pintura: “Musa”de Picasso


 

Um comentário:

  1. Boa noiteMiro! Gostei muito do verso; "E que vibre,desmaie,chore,grite e cante!
    Observaste a pintura e escreveste o que estava realmente sentindo!Lindo o poema!
    beijos. Mary Rose

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