segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Referendo sobre armas erra o alvo


O jornal britânico Financial Times traz uma reportagem neste sábado intitulada "Referendo sobre proibição de armas erra o seu alvo" e afirma que a consulta sobre a proibição do comércio de armas de fogo no Brasil estava 'salpicada', e cheia de erros.


Segundo o Financial T, um dos diários financeiros de maior reputação no mundo, "o desarmamento virou uma causa popular", mas o repórter cita o confuso sistema de voto – o "Sim" é a opção para quem não quer o comércio de armas de fogo e é o número 2 dois (!!!) nas urnas, o que seria "duplamente anti-intuitivo" – no referendo: normalmente em caso de apenas SIM e NÃO o numero 1 é designado para o SIM.... sendo desta maneira, um dos motivos para a queda da popularidade do "Sim".


O FT também lista os erros estratégicos da campanha pela proibição como causa de uma possível derrota na consulta de domingo.


"Em vez de se sustentar nas evidências, a campanha pelo 'Sim' deixou cantores, atores e modelos divulgarem argumentos vagos na linha de:  "vamos dar uma chance à paz'", afirma o repórter do jornal britânico, acrescentando que essa estratégia teria afastado muitos simpatizantes em potencial.


 


Também existe a teoria que esta cascata de erros não foi acidental, e sim proposital, pois o lobby das armas teria comandado, desde o início, esta campanha, baseado em simples tradução de campanhas semelhantes nos EUA, promovidas pelos fabricantes de armas.... “Foi tudo maquiavelicamente arranjado e bem bolado, para o eleitor ficar confuso e escolher todo o contrário” diz um jornalista do Rio de Janeiro.


Repercussão


Outro jornal tradicional:  The Times da Grã-Bretanha também apostou na vitória do "Não" com o título: "Brasileiros mantêm as suas armas".


O título original ("Brazilians stick to their guns") faz um trocadilho com a expressão em língua inglesa "stick to your guns", cujo significado se aproxima da expressão "bata o pé", no sentido de insistir, em português.


A reportagem afirma que, apesar das mais de 36 mil mortes a balas só no ano passado, o Brasil "mantém a sua fé no poder das armas de fogo".


Já no diário The Guardian, o enfoque foi dado à suposta "obsessão mortal dos brasileiros com armas" e destaca a "amarga disputa" na imprensa entre "anúncios de TV lacrimosos" e a divulgação de imagens chocantes na internet pelos simpatizantes do "Sim", contra a estratégia do "Não" de comparar os adversários aos nazistas.


A notícia também enumera diversas estatísticas que põem o Brasil entre os países em que mais gente morre a tiros e que mostram que armas são usadas na maioria dos crimes violentos no país.


O assunto ganhou página inteira no jornal The Independent. A reportagem do diário britânico narra um dia típico no Hospital Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, mostrando a entra e o atendimento de feridos a bala, para dar corpo aos números sobre mortes com armas no Brasil.


Segundo o Independent, "a taxa de assassinatos força consulta sobre proibição de armas no Brasil".

Na sexta-feira, o jornal americano The New York Times já havia dedicado uma reportagem ao referendo, assinada pelo polêmico correspondente (justamente para o Brasil) Larry Rohter, em que ele afirma que "brasileiros tem uma propensão a atirar uns nos outros".

3 comentários:

  1. e como erra...
    eu nem fui votar..
    me recuso a participar dessa palhaçada..

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  2. É isso!
    Eu tambem me recusei... e tampocou votei!
    (só o fato de ser 'obrigatório' é maior afronta ao povo...)
    :-)

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  3. Muito engracados estes ingleses e infelizes em seus comentarios imperialistas... Subestimam a capacidade do povo brasileiro em pensar e se esquecem do seu passado recente... Matam um brasileiro do nada apenas por desconfiarem que ele fosse um terrorista...Primeiro matam e depois investigam... O mesmo com a Irlanda, O mesmo nas Malvinas, o mesmo com o Iraque...e nada disto contabilizado como violëncia ou necessidade de acabar com a vida do outro... Me poupe disto! Quero saber e quando teremos um referendo para acabar com os abusos de poder dos nossos politicos... Para definirmos os direitos e qual seria o justo salario destes safados. Que na covardia preferem culpar o povo, atraves de um referendo, da desordem que eles náo conseguem arrumar, por estarem por demais preocupados com as suas propinas.
    PS. Náo sou analfabeta...Rssss Mas o meu teclado nao esta funcionando corretamente

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