quarta-feira, 16 de agosto de 2006

“Mulherzinhas” de Louise May Alcott


Sobre alguns Livros que nos transportam para o plano da aventura da fantasia, da descoberta e da ficção, apelando à imaginação de cada leitor para criar as imagens, as personagens e os cenários. Este em particular era largamente usado como leitura obrigatória em qualquer colégio feminino. Pois bem, levei um susto quando comentando com uma amiga, ela não conhecia o livro.. como assim?  se tem até filmes (na verdade quatro versões) baseados neste maravilhoso livro!.. que houve?


Assim, eu queria saber uma coisa: Alguém aqui já leu "Mulherzinhas" ou qualquer outro livro de Louise M. Alcott?  Considero ela uma excelente escritora, e parece que não tem muitas pessoas que já tenham ouvido falar dela. (antes que alguém estranhe que ando lendo até estes livros, sou o que chamam...um rato de biblioteca).


O livro em questão fala da vida de 4 irmãs durante a Guerra Civil Americana. O pai está na guerra e a mãe das meninas tem que trabalhar e manter o ânimo das filhas alto, apesar das dificuldades. Elas não tem muito dinheiro mas se divertem, inventando brincadeiras e atividades artísticas e nunca perdendo a esperança de que o pai logo, logo vá retornar.
Tem uma passagem que é fascinante: As meninas ganham um dólar cada como presente de Natal de uma tia rica. Felizes elas vão às lojas e compram presentes para si mesmas: uma compra partituras, outras lápis de cor, outra um livro e a última compra luvas... chegam em casa super felizes e percebem que sua mãe não vai ganhar nada. Bate uma tristeza... elas correm de volta até a loja e trocam os presentes por coisas para a mãe, que quando chega do trabalho, é surpreendida pelas filhas. Ali, aprende-se que não adianta você ter as coisas se não pode compartilhá-las com quem se ama.
Eu acho que a generosidade, esperança, bondade e muitos outros sentimentos são abstratos que só alcançam seu verdadeiro sentido quando vivenciados. É na experiência concreta que eles fazem sentido. Enquanto não se entende o significado na prática o objetivo daquele sentimento não se concretiza.


·         Mulherzinhas é um livro juvenil escrito no século XIX. Mas o melhor mesmo é não se deixar levar por preconceitos bobos. Mulherzinhas é um livro delicioso, com personagens profundamente bem delineados. Uma verdadeira obra-prima, do mesmo nível de um Charles Dickens - mas com um estilo diferente.


Ele conta a história dos March, família americana que perdera boa parte de seus bens quando o pai resolvera ajudar um amigo com problemas financeiros. Quando o livro começa, o pai já tinha ido lutar na Guerra da Secessão, e a mãe e as quatro filhas ficam em casa - onde, aliás, se passa praticamente toda a história. É grande o número de dificuldades pelas quais todas passam - mas há sempre espaço para um bom conselho e para um apelo à fé.


E é aí que reside uma grandeza de Mulherzinhas: por mais que ele seja um livro com "lição de vida", as personagens parecem de carne e osso, fugindo totalmente do estereótipo de pessoas perfeitas. Meg é a mais bela das quatro irmãs, e a que mais sofre com as dificuldades financeiras; Jô é inteligente, impulsiva, e passa grande parte do tempo tentando conter seus impulsos agressivos; Beth é a bondade em pessoa, mas excessivamente tímida; Amy é imatura, mas de um modo divertido. Estas quatro têm no rico Laurie um amigo divertido e fiel; e na mãe a pessoa que sempre dá opiniões sensatas - por mais que também lute contra seus próprios instintos agressivos. Os outros personagens - o complexo sr. Laurence, o avô de Laurie; a mal-humorada e rica tia March; o pai das meninas; o professor Brooke -, por mais que sejam menos importantes no enredo, são também marcantes e bem construídos.


A estrutura do livro é praticamente episódica, com cada capítulo se baseando em um diferente acontecimento ocorrido com as irmãs March. Os temas abordados - um piquenique no parque, a visita à casa de Laurie, as apresentações teatrais feitas pelas irmãs em casa, os trabalhos que cada uma tinha que fazer para ajudar em casa - são normalmente corriqueiros, mas se lê ‘Mulherzinhas’ com um interesse crescente.  Mas tem mais, afinal de contas. este livro tenta provar que se pode ser feliz sem ser rico.  E eu acho que consegue.


A narrativa foi inspirada na própria vivência da autora. Alcott, que foi convidada a escrever uma “história para mocinhas”, confessou em certa altura: “Nunca gostei muito das histórias sobre mocinhas, nem sequer conheci muitas para além das que vivera com as minhas irmãs. Talvez as nossas experiências se revelem interessantes, mas tenho algumas dúvidas”... Ironia das ironias, o livro tornou-se um “best-seller”, foi traduzido em diversas línguas e várias vezes adaptado ao cinema   Pela sua vez, a melhor versão para o cinema, ao meu ver é a ultima, que contou com as atuações de Wyona Rider e Susan Sarandon no elenco:


Ficha Técnica
Título Original:
 Little Women  (‘ADORÁVEIS MULHERES’ )
Gênero: Drama   Ano de Lançamento (EUA): 1994
Direção: Gillian Armstrong
 
Elenco
Winona Ryder (Josephine "Jo" March)
Gabriel Byrne (Friedrich "Fritz" Bauer)
Trini Alvarado (Margaret "Meg" March)
Samantha Mathis (Amy March)
Kirsten Dunst (Amy March - jovem)
Claire Danes (Elizabeth "Beth" March)
Susan Sarandon (Marmee March)
Florence Patterson (Hannah)
Corrie Clark (Belle Gardiner)

10 comentários:

  1. Não li... e fiquei triste aqui por não conhecer nem de nome! To precisando me reciclar...
    bjs

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  2. Faria bem começando por uma leitura como a que aqui mencionamos...
    Bjks
    Miro

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  3. Além de ter lido "Mulherzinhas", ainda tenho o livro. E também a continuação "Aquelas Mulheres". De vez em quando releio e mesmo assim, depois de tanto ler e reler, ainda me entristece a morte de Beth. A Amy casa com o Laurie, que acabou esquecendo a Jo. Guardei os dois, da minha adolescência.O filme não vi.
    Fiquei realmente muito surpresa com esta sua postagem, nunca conheci alguém, no Brasil, que conhecesse o livro. E você fala em Charles Dickens, que também fez parte da minha adolescência. Infelizmente dele não fiquei com nenhum livro, da mudança de Angola para Portugal, meu pai vendeu praticamente todos os livros, com exceção dos Tintin, Michel Vaillant, Bruno Brazil e uns outros. Dos meus, que eram bastantes, consegui salvar poucos :-(
    Beijo

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  4. Estimada amiga,
    infelizmente no Brasil, percebi uma certa falta de cuidado em divulgar certos livros e autores, talvez por nao serem brasileiros ou nao terem escrito na lingua portuguesa, pelo sim, pelo não.. é mesmo triste constatar que alguns clássicos da lieratura universal sao "esquecidos". e isso, infelizmente só tende a piorar, com a Midia invasiva da TV que só sabe gastar seus esforços e fortunas em coisa fúteis como o tal de BBB....

    Uma lástima mesmo!

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  5. Falando em livros, eu tambem perdi centenas deles, nas famigeradas mudanças.....
    Coleções completas de Vitor Hugo, Alexandre Dumas, Dostoiewsky, Tolstoi, e ate Edgar Rice Burroughs, sem falar de Mark Twain, e outros tantos.

    Bom FDS para voce e sua familia

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  6. Vitor Hugo, Alexandre Dumas, Mark Twain... conheço bem. Dostoiewsky e Tolstoi de nome, creio que li algo de Tolstoi há muitos anos!

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  7. “CRIME E CASTIGO”, de Fiodor Dostoiewsky: Narra a história de Raskólnikov, um jovem estudante que comete um assassinato motivado pela fome e se vê perseguido pelo remorso e sua incapacidade de continuar sua vida após o delito. O livro se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco predominante no tema de atingir a salvação pelo sofrimento, sem deixar de comentar varias questões interessantíssimas do socialismo e niilismo.

    Em outro momento da sua obra, foi Dostoiewsky quem escreveu: «Se Deus não existisse, tudo seria permitido». Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele.


    Já Liev ou Leon Tolstói foi um dos grandes da literatura russa do século XIX, Junto a Fiódor Dostoiévski. Suas obras mais famosas são «A Guerra e a Paz» (sobre as campanhas de Napoleão na Rússia), e «Anna Karenina», imortalizada ate pelo cinema, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e focaliza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.
    Ainda, sendo membro da nobreza, entre 1852 e 1856 escreveu três obras muito interessantes (autobiográficas):«Meninice», «Adolescência» e «Juventude».

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  8. De Dostoiewsky não li nada, conheço mesmo só de nome. De Tolstoi li esses dois, "A Guerra e a Paz" e "Anna Karenina", há alguns anos. São os mais conhecidos dele, não é? Lembro que vi primeiro na TV, não filme, foram séries, depois li os livros. Hoje mal tenho tempo para ler ou ouvir o que gosto! Quero ver se ainda este ano dou um jeito nesse meu tempo!
    Uma boa noite e muito obrigada.
    Yolanda


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  9. Confesso que conheci esta história há menos de uma semana quando assisti à uma dessas muitas adaptações do livro. No meu caso foi a versão para a TV de 1978 e os atores que nela pude reconhecer de mais famosos foram Susan Dey de Família Do Re Mi como Jo e William Shatner de Jornada nas Estrelas, Justiça Sem Limites e etc. como o Professor qual Jo se apaixona.
    O fato é que mal acabei de assistir ao filme e sabendo que aquela bela história vinha de um livro, já pensei em correr para a biblioteca da minha cidade. Agora neste exato momento estou com um exemplar de "Mulherzinhas" em mãos e não vejo a hora de pegar minha caneca de chá e sentada na minha cama saborear essa beleza em sua forma original: a literária.
    Obrigada pelo seu plot e também fiquei interessada em conhecer mais do seu site.
    Eu AMO livros e concordo com você: "infelizmente só tende a piorar, com a Midia invasiva da TV que só sabe gastar seus esforços e fortunas em coisa fúteis como o tal de BBB...."
    Uma pena mesmo. Adoraria um Brasil mais culto.
    Abraços
    Graziella Ferraz, Jundiaí-SP

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