quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Lixo espacial e o Hubble ...

O Lixo espacial é ameaça para o telescópio Hubble

Existe hoje em dia muito  "lixo"  acumulado no espaço, em órbita sobre o planeta... A nuvem de detritos representa um risco a muitas missões científicas e pode significar principalmente o fim do Telescópio Hubble.
Pelo fato de termos hoje em dia inúmeros satélites em orbita, muitos deles (a grande maioria, na verdade), nao funcionam mais, e ficam em orbitas aleatórias, ameaçando outros novos satélites. Só para ter uma ideia, existem aparelhos em orbita que datam da década do 70...e não trasmitem mais nada, simplesmente esgotou-se a sua bateria e ainda estão lá, abandonados e como um ameaça constante para novos equipamentos.

Esse o motivo para que, hoje em dia exista uma nuvem de lixo em órbita, na verdade detritos, que se espalham pela órbita inferior da Terra. Uma das mais utilizadas! E desde a semana passada isso aumentou após a colisão de dois satélites, e representa um novo risco a muitas missões científicas e pode significar o fim do Telescópio Espacial Hubble. A Nasa está monitorando atentamente a ameaça crescente, e se ela for tão ruim quanto alguns temem, agência terá que cancelar a missão de manutenção regular do telescópio planejada para este ano. Sem essa missão, os dias do telescópio estarão contados, mesmo se nenhum dos fragmentos do lixo espacial atingi-lo.

Em 10 de fevereiro, sendo ás 4h56, horário de Greenwich, um satélite de telecomunicações ativo da firma Iridium Satellite, de Bethesda, Maryland, e um satélite militar russo desativado colidiram a cerca de 800 km sobre a Sibéria, a mais de 10 km por segundo. A nuvem de detritos inicialmente continha 600 objetos grandes o bastante para serem rastreados pela rede de vigilância espacial dos EUA, mas especialistas esperam que o número de fragmentos aumente para mais de mil nas próximas semanas. Simulações computadorizadas sugerem que haverá milhões de outros pedaços pequenos demais para serem rastreados.

Uma análise preliminar dos pesquisadores da Universidade de Southampton na Grã-Bretanha mostra que a colisão frontal entre os satélites teria liberado cerca de 50 quilojoules de energia por grama, cerca de 10 vezes a energia da dinamite e talvez centenas de vezes maior que a energia liberada no teste chinês de uma arma anti-satélite em 2007. Esse teste acabou danificando um satélite e agravou o problema dos detritos, que já afetou outros satélites.

"Isso não tem precedentes", disse Graham Swinerd, professor-adjunto de Astronáutica de Southampton. Entretanto, se a explosão foi apenas aparente - no caso do satélite Iridium ter se chocado contra a parte posterior do satélite russo, ao invés do corpo principal - a situação pode não ser tão grave.

A Iridium, que opera uma grupo enorme de satélites na chamada 'órbita inferior 66'   fornece serviços de telefonia, e diz que monitora regularmente os dados sobre detritos espaciais, mas não recebeu nenhum aviso prévio da colisão. Não houve comentários oficiais do governo russo.

O choque aconteceu em uma setor (chamado de 'banda') do espaço usada por diversos   satélites de observação da Terra, tanto metereológicos como de comunicaçoes (telefonia, Internet, TV a cabo, etc), e as agências espaciais estão agora monitorando de perto os fragmentos que estão se espalhando. A constelação "A-Train" da Nasa e a missão Envisat da Agência Espacial Européia orbitam em altitudes muito similares à do acidente, e correm risco especial.
"No momento, estamos fazendo uma análise estatística de qual será o aumento da probabilidade de colisão", disse Heiner Klinkrad, que lidera o escritório de lixo e detritos espaciais da Agência Espacial Européia em Darmstadt, Alemanha.

  O risco a astronautas da Estação Espacial Internacional parece ser "relativamente baixo", segundo Mark Matney, especialista em detritos orbitais do Centro Espacial Johnson em Houston, Texas. Mas a colisão compromete a missão de manutenção do Telescópio Espacial Hubble em maio. A nave espacial Atlantis é a que deverá levar os astronautas da manutençao do Telescópio. Estima-se que, a cada vez que um astronauta sai da nave para experienciais científicas corre o risco de impacto com algum desses fragmentos de lixo espacial. Para uma missão até a Estação Espacial Internacional é de UM em 300, mas para missões em altitudes maiores e em órbitas mais inclinadas como a do Hubble, o risco é maior. Mesmo antes da recente colisão, os detritos do teste chinês de 2007 haviam elevado o risco de impacto catastrófico da missão para UM em 185.

O limite considerado usual pela Nasa para esses riscos é de UM em 200, por isso Matney descreve a situação antes da colisão como já "desconfortavelmente próxima de níveis inaceitáveis". "Isso só agravou a situação anterior", ele disse. Matney acredita que a agência saberá em breve se a missão poderá prosseguir.

O jogo da culpa
Logo após a colisão, não houve consenso entre especialistas sobre se a Iridium deveria ter previsto o ocorrido. "Isso nunca deveria ter acontecido", dissem os analistas espaciais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge. Já com bastante antecedência, dados fornecidos pelas Forças Armadas americanas mostraram que os dois satélites poderiam chegar perto, até meio Km um do outro. "Os donos do satélite ativo, deveriam ter manobrado o Iridium para longe", dissem os analistas.

Mas a previsão de colisões entre satélites é algo complicado, disse Richard Crowther, chefe da delegação do Reino Unido no Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Sideral (Uncopuos na sigla em inglês). "É algo complexo que consome muito tempo", ele disse. Mesmo as melhores previsões são apenas de probabilidades, e a manobra de mudança de curso de uma nave pode envolver custos e riscos que pesam mais que a chance de colisão.  Liz DeCastro, porta-voz da Iridium, neste caso, claramente a culpada pela colissão, disse não ter certeza se a companhia moverá uma ação legal contra o governo russo (!!?).

Evitar acidentes com mais facilidade exige dados e recursos. Enquanto a Rússia possui seu próprio sistema de rastreamento de objetos espaciais, o resto do mundo depende mais ou menos dos dados divulgados pela Rede de Vigilância Espacial do Departamento de Defesa americano. Os militares americanos possuem análises muito melhores de seus dados do que aquelas divulgadas ao público, segundo Brian Weeden, ex-analista do Comando Estratégico dos EUA, que supervisiona a rede de sensoriamento do Pentágono.

Essas análises são usadas para antever ameaças a satélites das Forças Armadas e da Inteligência, bem como a missões civis de especial importância como a Estação Espacial Internacional. Esses dados deveriam ser divulgados em "benefício do público", disse Jonathan McDowell, astrônomo da Universidade Harvard que rastreia lançamentos de satélites como passatempo. McDowell acredita que os países deveriam estudar a criação de um "controle de tráfego espacial" multinacional para alertar sobre colisões desse tipo.

Mais medidas devem ser tomadas para evitar o aumento de detritos orbitais, acrescenta David Wright, pesquisador do Union of Concerned Scientists, um grupo sem fins lucrativos com sede em Cambridge, Massachusetts. Até o momento, o Uncopuos estabeleceu as diretrizes para limitar o número de detritos espaciais, que incluem a medida de expelir restos de propelente para prevenir explosões. Mas Wright acredita que deveriam existir regras a serem obedecidas por todas as nações que lançarem naves na região de tráfego denso em que o acidente ocorreu. Os fragmentos resultantes de cada colisão aumentam o risco de uma próxima, e se medidas não forem tomadas, o número de acidentes deverá crescer dramaticamente - possivelmente inutilizando por completo a órbita inferior da Terra.

No momento, o único respaldo legal para tal ação parece ser o Tratado do Espaço da ONU (1967), que determina que uma nação pode ser responsabilizada pelos danos causados ao satélite de outra nação. Mas o texto do tratado é muito vago para ser de grande ajuda nesse caso, segundo McDowell. "De quem é a culpa? Será que um deles bateu no outro por trás?" ele disse. "Não acho que as regras de trânsito das estradas se aplicam aqui."

McDowell não chega a reivindicar um tratado internacional que governe a órbita inferior da Terra, mas acredita que "regras de trânsito" deveriam ser estabelecidas para tentar esclarecer as questões legais em torno dessa colisão e de outras futuras.

A decisão da continuação ou do encerramento da missão de manutenção do nobre telescópio, será divulgada em duas semanas. Se aprovada, a nave Atlantis deverá chegar ao Hubble em Maio deste ano.  Por falar nisso: O telescópio Hubble foi lançado ao espaço em 1990, e vem produzindo uma série de conteúdo de extrema importância para a Astronomia mundial. Há alguns anos, quase foi desativado, mas após um enorme abaixo assinado que circulou e fez furor na internet, permitiu ele continuar na ativa. Nao existe na Terra nenhum outro telescópio que consiga chegar nem a 20% das possibilidades do Hubble.


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