A “Santa” Inquisição
No Século XIII, o Papa, e por conseguinte, o papado achava-se no auge de seu domínio secular; era independente de todos os reinos; governava com uma influência jamais vista ou possuída antes por ser humano algum; era o soberano dos corpos e das almas; para todos os propósitos humanos, tinha um poder nada mensurável para o bem e para o mal. Era literalmente, o dono da verdade, qualquer que seja, imposta pelos interesses políticos e pessoais do Papa de plantão... Foi neste contexto que surgiram os tribunais da Santa Inquisição.
A história da Igreja Católica e o papado tem fornecido um grande horror durante mil quinhentos anos por causa disso. Ela simplesmente determinava a morte das pessoas, apenas por causa das opiniões religiosas que essas pessoas possuíam! Precisamos ficar alertas sobre os atos do papado no passado de tal forma que esse horror em que a humanidade foi mergulhada nunca seja esquecida.
Só para lembrar: Na página 766, volume XIV, da atual Enciclopédia Católica, que ainda está em uso, pode-se leer: "A Igreja verdadeira não pode tolerar nenhuma igreja estranha a ela". O décimo quarto artigo do decreto do Papa Pio IV, que é uma forma abreviada dos decretos do Conselho de Trento, é citado na página 768 do volume XIV da Enciclopédia Católica, afirma que "os heréticos não devem ser só excomungados como também justamente executados". Por causa disso, A espada, a tocha e a roda de torturas têm sido os instrumentos da Igreja Católica há séculos na chamada evangelização e disciplina...
Em 1231, no Concílio de Toulouse, sob a liderança de Papa Gregório IX, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, um tribunal eclesiástico que julgava os hereges e as pessoas suspeitas de se desviarem da fé católica.
Em 1252, o Papa Inocêncio IV um dos mais ferozes e sanguinários governantes de qualquer época conhecida, publicou o documento "Ad Exstirpanda" (“Sobre a Extirpação”), autorizando a tortura e declarando que "os hereges devem ser esmagados como serpentes venenosas".
A inquisição tinha como um dos seus mais eficientes instrumentos, para conseguir confissões [não interessando se eram culpados ou inocentes], a tortura!: homens e mulheres, novos e velhos, jovens ou anciãos sofreram os mais cruéis suplícios já imaginados ou registrados na história. Em muitas cidades e vilarejos, a castração mental que os homens sofriam por parte do Papado, fez deles ferozes e insistentes perseguidores de toda e qualquer mulher quer aparecia na frente deles, quanto mais nova e bonita fosse ela, mais ‘culpada’ e sempre acabavam mandando-a para a fogueira...
O processo da inquisição era sumário. Aos réus não era concedido o direito de apelação da sentença. Os advogados nomeados eram fiéis papistas: defendiam menos os direitos dos acusados e mais dos interesses de Roma.
Qualquer pessoa, até anônimos e crianças, podiam acusar alguém de heresia, qualquer um mesmo: se um moleque era destratado pelo vizinho por roubar frutas, ou tirar pedras na janela dele, o mesmo moleque podia ‘denunciar’ o desafeto como herege...pronto!..estava iniciada a serie de torturas e cárcere á que ele era submetido, para finalmente perder a vida e suas propriedades, pois não respeitava-se nem as viúvas, ou filhos, eles perdiam tudo!. A denúncia era a prova. O julgamento era secreto e particular. Se o réu confessasse podia se beneficiar com a absolvição dada por um padre (coisa rara de acontecer!), para “livrar-se do inferno”.
As testemunhas poderiam ser submetidas a tortura, se entre elas houvesse o menor, por mínimo que seja, de indícios de contradições. As vezes o ‘réu’ tremia e balbuciava, por medo e pavor... e isso bastava para ser considerado pelos ‘julgadores’...como prova de sua culpa...
Tão logo recebiam a denúncia, os inquisidores providenciavam a prisão do acusado. A partir daí ele ficava preso e incomunicável por um tempo indeterminado.
Qualquer tentativa da família ou de amigos e vizinhos de mostrar interesse pelo livramento do herege, poderia ser arriscada, pois amigos de herege também eram hereges.
As penas aplicadas variavam entre:
- A reclusão carcerária, temporária ou perpétua; normalmente era perpétua mesmo, pois embora não fosse esclarecido ate quando seria a pena, eram esquecidos pelos juizes inquisidores.
- Trabalhos forçados nas galés; onde ficam acorrentados nos navios, sendo a partir de então marinheiros vitalícios, pois nunca mais eram soltos.
-E finalmente: Excomunhão e entrega ao Clero para serem levados à fogueira. Esta ultima era a mais comum de acontecer.
O confisco total dos bens e a flagelação das vítimas eram de praxe em todos os casos.
A “legislação” do Tribunal do Santo Ofício
O terceiro Concílio de Latrão, em 1179, decretou a perseguição permanente aos hereges.
Os leigos eram obrigados a prestar informações para o bom desempenho do trabalho, ainda que fosse uma simples suspeita. Por isso, sempre acontecia das pessoas se desvencilharem do seus desafetos “denunciando-os” . Imagem o clima de terror e opressão que isso tudo causava na população toda!
Esclarecendo ainda, que nada disso é, ou foi divulgado adequadamente, pois existem fortes interesses religiosos em manter essa face negra da historia longe do grande público.
Continuando: Em 1184, o Concílio de Verona, convocado pelo Papa Lúcio III (1181-1185), ordenou aos arcebispos e bispos visitarem ou mandarem visitar, em seu nome as paróquias suspeitas de heresia, e estabeleceu severas penas contra os heréticos, tais como banimento, confisco, demolição de casas, declaração de infâmia e perda de direitos civis.
Nesse encontro estabeleceram-se definitivamente as bases da Inquisição que seria oficializada mais tarde:
O quarto Concílio de Latrão, convocado em 1215 pelo Papa Inocêncio III, determinou que os condenados por heresia deviam ser entregues às autoridades seculares para serem castigados.
Quanto aos bens dos ‘acusados’, todos e cada dos seus pertences seriam confiscados.
Nota-se aqui uma da fontes de enriquecimento que o Papado teve. E ainda, que muitas das vezes, uma paróquia, ou uma determinada pessoa, era ‘denunciada ’ apenas por ser uma pessoa de poses....
Uma das deliberações do Concílio foi a condenação de todos os hereges sob qualquer denominação com que se apresentassem. Uma clara amostra da tentativa (bem sucedida), de calar todas as vozes discordantes do Papado
De
Todas as palavras dessa legislação convergiam a um só intento: extirpar absolutamente “qualquer desvio contra a fé”. Qualquer voz dissonante, qualquer outra religião.
E Assim, oficialmente, a Inquisição aterrorizou á humanidade por mais de cinco séculos.
O que o papado fez mais tarde, acerca disso tudo?
Em 1908, na reforma da Cúria realizada por Pio X, O famigerado e sinistro Tribunal do Santo Ofício transformou-se na Congregação do Santo Ofício e, mais tarde, (demorou!)..já em 1965, após a reforma de Paulo VI, trocou de nome para Congregação para a Doutrina da Fé, e quem dirigia o mesmo era um certo Cardeal Ratzsinger desde 1981, ate 2005 quando foi nomeado Papa Bento XVI. Sim, foi ele mesmo!... durante o tempo em que ele ficou encarregado desse "Tribunal" entre outras coisas, ele ordenou que o frade Leonardo Boff, brasileiro, seja excomungado e obrigado ao voto de silêncio, imposto por Ratzinger em 1985. Boff é um dos expoentes da Teologia da Libertação, e foi perseguido e anulado pelo papado devido às suas posições políticas e ideologia religiosa, e que, na época foi rotulada pelo Cardeal Ratzinger de ‘marxista’
Então que fique claro: esse Papa atual é o herdeiro dos séculos de terror e obscurantismo. E pelo visto continua com a mesma visão obtusa. (a qual, pasmem...está ainda em vigor!).
Uma verdadeira idade das trevas, a idade média, graças à igreja católica. Que "santa" inquisição! Não entendo como o mundo da época deixou que o papa o comandasse. Hoje, os países desenvolvidos são aqueles que sairam dessa influência e não são católicos. Os países católicos vivem até hoje as consequências dessa tirania, Portugal, Itália, os países sul americanos....
ResponderExcluirEu não sou católica, sou evangélica, mas vou defender o papa, com relação à sua visão obtusa. O catolicismo, assim como outras religiões, tem a sua crença, sendo o papa o chefe dessa igreja. Ele não pode se posicionar contra as crenças da igreja que chefia! Creio que isso afeta apenas os católicos, não? A mim, o que o Papa fala ou deixa de falar, no que ele acredita ou não, não afeta nada absolutamente.
Boa noite Miro e uma boa semana. Abraço.