sábado, 25 de julho de 2009

A Joia de Medina

Sinopse:
Aisa ou AISHA, no original árabe: A’isha Bint Abi Bakr é a filha de um abastado mercador de Meca no mundo charmoso e rude da Arábia antiga. Estamos no século VII, época em que o Islã foi fundado. Ela era uma das noivas prometidas para Maomé. E tinha somente 9 anos... Quando casou com o Profeta, tão nova assim, sem conhecer nada do que era um relacionamento, teve de confiar na sua coragem, inteligência, e intuiçào numa luta para controlar o seu próprio destino e abrir um lugar para si na comunidade, ao lutar contra perseguições religiosas, as outras esposas e irmãs ciumentas, rivais políticos, e as suas próprias tentações. À medida que cresce começa a amar o generoso marido, a sua ingenuidade, aliada á sua grande dedicação transformam-na na conselheira indispensável de Maomé. A Favorita dele.  E Finalmente acaba por se tornar numa das mulheres mais importantes da historia  da Humanidade, da historia do Islã, e uma feroz protetora da palavra e atos do marido,  bem como do seu enorme e precioso legado: Conduzir uma nação.

Resumindo: No auge da cultura árabe, um homem com mais de 50 anos pede em casamento uma menina de nove. Mesmo contra a vontade dela, os dois se unem e passam a enfrentar as intrigas e as acusações de uma religião que acabava de nascer -o islamismo-. Esse é o ponto de partida do livro "A Jóia de Medina" (Editora Record), da jornalista americana Sherry Jones. Ele já seria incomum, mas a importância dos protagonistas torna a trama ainda mais excepcional.

Com uma pesquisa exaustiva e elegantemente escrito, "A Jóia de Medina" evoca a beleza e as duras realidades da vida numa era há muito passada, durante um tempo de guerra, aprendizagem e iluminação. Simultaneamente uma história de amor, uma lição de História e uma fábula de amadurecimento, "A Jóia de Medina" apresenta aos leitores uma amostra do turbilhão que cercou o nascimento da fé islâmica através dos olhos de uma menina, uma heroína verdadeiramente inesquecível.

Os amores de Maomé
O livro conta essa história, belíssima e cheia de nuances de afeto, compreensão e inspiração religiosa e, infelizmente provoca a ira dos radicais islâmicos

Pois o homem em questão, a grande amor de Aisha é ninguém menos que o profeta Maomé (570-632), fundador do Islã. A menina escolhida, que se casou apaixonada por outro pretendente, e que sabe aprender com os fatos da vida, e com o tempo passou a amá-lo. Por sua coragem, valentia e grande admiração pelo esposo, torna-se excelente guerreira e também conselheira do profeta. Foi por meio de seus relatos que a jornalista resolveu contar esse momento marcante da história da humanidade - uma escolha que lhe rendeu a reação negativa de seguidores do islamismo, para quem as mulheres devem ocupar posição secundária.

A Historia é emocionante, e fez também as editoras tremerem.  O que no início parecia apenas um lançamento editorial, com a reação de algumas editoras, que se afastavam como o diabo foge da cruz. Fez atiçar a curiosidade pelo excelente livro:  depois de assinar um contrato de US$ 100 mil, a conceituada editora americana Random House recusou-se a publicar o livro. Na Inglaterra, outra casa editorial teve o prédio atacado após anunciar que lançaria a obra. "A Joia de Medina" acabou indo para as estantes sob a uma outra editora, a Beaufort Books. Tornou-se best-seller e chega agora às livrarias brasileiras pela Editora Record.

Para os radicais muçulmanos, há diversos pontos delicados no livro: eles não aceitam o fato de a criação do Islã ser contada por uma mulher nem a afirmação de que uma das esposas de Maomé estivesse desejando outro homem. Mas talvez o principal motivo de protesto tenham sido as passagens em que A'isha descreve seus jogos de menina que está despertando para sua sensualidade, com o profeta: "Fui à porta receber Maomé usando apenas minha roupa de dormir, sem nada por baixo, a não ser a pele.
Quando ele entrasse, eu deixaria a túnica cair ao chão e ficaria em pé diante dele, completamente nua." 

Convidada pela Random House para fazer uma avaliação do romance, Denise Spellberg, professora de história do Oriente Médio na Universidade do Texas, o reprovou de forma taxativa: "Não se pode pegar a história sagrada e transformá- la em uma historia do dia-a-dia, meio banal e corriqueira."
A professora Denise afirmou que o texto é corriqueiro demais para os muçulmanos e a trajetória de seu povo.

Uma reação diferente - e, sobretudo, insuspeita - teve o editor-chefe do site islâmico altmuslim.com, Shahed Amanullah. "A melhor resposta a um discurso livre é simplesmente outro discurso."

Os defensores da obra também protestaram e a polêmica teve a participação de Salman Rushdie, o escritor anglo-indiano que passou a ser perseguido por religiosos iranianos depois de escrever outro livro conhecido, também sobre o Islã: "Os Versos Satânicos". Ele declarou: "É censura causada pelo medo e cria um precedente muito ruim." De sua parte, a Random House não nega o temor de represálias. Ela justificou-se dizendo que não queria incitar "atos de violência de segmentos radicais" e se disse preocupada com a segurança da autora, dos empregados, dos vendedores e de todos os envolvidos no processo de distribuição desse romance histórico.

"A Joia de Medina" é um livro bem escrito, que desde a primeira página consegue envolver o leitor e transportá-lo no tempo até a região onde nasceu o Islã. Apesar do fôlego jornalístico impresso à saga de A'isha, a autora não se furta a um tom lírico que, geralmente, está ausente em obras do gênero. Ela começou a pesquisa em 2002, atiçada sua curiosidade pela quantidade de reportagens sobre os muçulmanos publicadas depois dos ataques terroristas do dia 11 de setembro.

Ela mesmo, como mulher, acabou impressionada com a submissão das mulheres nos países islâmicos. A biografia de A'isha, uma das 12 mulheres e concubinas de Maomé, é simbólica, já que ela enfrentou suas limitações. Ainda, antes de morrer, Maomé entregou sua espada sagrada, toda coberta de pedras preciosas, conhecida como   " al-Ma'thur "  para a sua amada Aisha para ela usá-la na guerra santa que estava por vir, na jidah.  Mais o que aconteceria se a jidah em questão fosse contra seu próprio povo?. Após 20 anos de luta e sacrifícios, caberia a Aisha preservar a fé e o futuro do seu povo. E isso ela fez, e muito bem! Por amor o seu generoso esposo. mais tarde, foi de espada em punho ao campo de batalha enfrentar os inimigos e chegou a ser conhecida como Mãe dos Pobres. Em uma das raras ilustrações que retratam Maomé com suas esposas, A'isha aparece em um plano inferior a Fátima, a filha de Maomé com sua primeira mulher, Khadija.

O curioso é que tanto ela como o profeta estão com o rosto coberto por véus - ao mostrá-los assim, os artistas muçulmanos evitavam que a representação do criador do islamismo pudesse parecer inexata ou sacrílega. O que dá um indicativo da importância dessa menina-mulher nas origens da religião Islámica  

"É grande a força dessa mulher - a sua inteligência e a coragem, e mais, o seu senso de humor me atraiu imediatamente", disse a autora em uma de suas entrevistas. As cenas de alcova talvez sejam excessivas tratando-se de uma narrativa com tantos outros atrativos, mas diante da opressão feminina da época compreende-se a sua opção. Trata-se daquele tipo de livro em que é inevitável entender e torcer pela solidariedade que o autor mostra para com os personagens.

Para saber: Medina É uma das cidades sagradas do islamismo. Até 622, quando o profeta Maomé entrou na cidade e passou a morar nela, era conhecida como Yathrib também chamada de Iatreb. No ponto de vista histórico do Islã, esta foi a primeira cidade regida pelos princípios teocráticos do profeta Maomé.

--------------------------------

Uma história de amor censurada. Uma obra tão polemica e controversa quanto os «Versos Satânicos»- Washington Post

A tradução portuguesa de Portugal, está a partir de 1º de Julho nas livrarias portuguesas. Edição da Casa das Letras.

 

3 comentários:

  1. Um livro que gostaria de ler. Deve mostrar um islamismo tão diferente do que estamos acostumados hoje, de violência, seja contra a própria mulher, seja contra os outros povos. Acho que o mundo não deve ceder a essa violência, a essa "ditadura" religiosa, que censura até a livre expressão de outras nações.

    ResponderExcluir
  2. Com certeza uma leitura quase obrigaroria... nao só pelo conteudo interessante, diferente, como um canto ao amor e a liberdade.... e fê religiosa que está cada vez mais beirando a intolerância e o fanatismo.

    ResponderExcluir
  3. Com certeza uma leitura quase obrigaroria... nao só pelo conteudo interessante, diferente, como um canto ao amor e a liberdade.... e fê religiosa que está cada vez mais beirando a intolerância e o fanatismo.

    ResponderExcluir