
Aisa ou AISHA, no original árabe: A’isha Bint Abi Bakr é a filha de um abastado mercador de Meca no mundo charmoso e rude da Arábia antiga. Estamos no século VII, época em que o Islã foi fundado. Ela era uma das noivas prometidas para Maomé. E tinha somente 9 anos... Quando casou com o Profeta, tão nova assim, sem conhecer nada do que era um relacionamento, teve de confiar na sua coragem, inteligência, e intuiçào numa luta para controlar o seu próprio destino e abrir um lugar para si na comunidade, ao lutar contra perseguições religiosas, as outras esposas e irmãs ciumentas, rivais políticos, e as suas próprias tentações. À medida que cresce começa a amar o generoso marido, a sua ingenuidade, aliada á sua grande dedicação transformam-na na conselheira indispensável de Maomé. A Favorita dele. E Finalmente acaba por se tornar numa das mulheres mais importantes da historia da Humanidade, da historia do Islã, e uma feroz protetora da palavra e atos do marido, bem como do seu enorme e precioso legado: Conduzir uma nação.
Resumindo: No auge da cultura árabe, um homem com mais de 50 anos pede em casamento uma menina de nove. Mesmo contra a vontade dela, os dois se unem e passam a enfrentar as intrigas e as acusações de uma religião que acabava de nascer -o islamismo-. Esse é o ponto de partida do livro "A Jóia de Medina" (Editora Record), da jornalista americana Sherry Jones. Ele já seria incomum, mas a importância dos protagonistas torna a trama ainda mais excepcional.
Com uma pesquisa exaustiva e elegantemente escrito, "A Jóia de Medina" evoca a beleza e as duras realidades da vida numa era há muito passada, durante um tempo de guerra, aprendizagem e iluminação. Simultaneamente uma história de amor, uma lição de História e uma fábula de amadurecimento, "A Jóia de Medina" apresenta aos leitores uma amostra do turbilhão que cercou o nascimento da fé islâmica através dos olhos de uma menina, uma heroína verdadeiramente inesquecível.
Os amores de Maomé
O livro conta essa história, belíssima e cheia de nuances de afeto, compreensão e inspiração religiosa e, infelizmente provoca a ira dos radicais islâmicos
Pois o homem em questão, a grande amor de Aisha é ninguém menos que o profeta Maomé (570-632), fundador do Islã. A menina escolhida, que se casou apaixonada por outro pretendente, e que sabe aprender com os fatos da vida, e com o tempo passou a amá-lo. Por sua coragem, valentia e grande admiração pelo esposo, torna-se excelente guerreira e também conselheira do profeta. Foi por meio de seus relatos que a jornalista resolveu contar esse momento marcante da história da humanidade - uma escolha que lhe rendeu a reação negativa de seguidores do islamismo, para quem as mulheres devem ocupar posição secundária.
A Historia é emocionante, e fez também as editoras tremerem. O que no início parecia apenas um lançamento editorial, com a reação de algumas editoras, que se afastavam como o diabo foge da cruz. Fez atiçar a curiosidade pelo excelente livro: depois de assinar um contrato de US$ 100 mil, a conceituada editora americana Random House recusou-se a publicar o livro. Na Inglaterra, outra casa editorial teve o prédio atacado após anunciar que lançaria a obra. "A Joia de Medina" acabou indo para as estantes sob a uma outra editora, a Beaufort Books. Tornou-se best-seller e chega agora às livrarias brasileiras pela Editora Record.
Para os radicais muçulmanos, há diversos pontos delicados no livro: eles não aceitam o fato de a criação do Islã ser contada por uma mulher nem a afirmação de que uma das esposas de Maomé estivesse desejando outro homem. Mas talvez o principal motivo de protesto tenham sido as passagens
Quando ele entrasse, eu deixaria a túnica cair ao chão e ficaria em pé diante dele, completamente nua."
Convidada pela Random House para fazer uma avaliação do romance, Denise Spellberg, professora de história do Oriente Médio na Universidade do Texas, o reprovou de forma taxativa: "Não se pode pegar a história sagrada e transformá- la em uma historia do dia-a-dia, meio banal e corriqueira."
A professora Denise afirmou que o texto é corriqueiro demais para os muçulmanos e a trajetória de seu povo.
Uma reação diferente - e, sobretudo, insuspeita - teve o editor-chefe do site islâmico altmuslim.com, Shahed Amanullah. "A melhor resposta a um discurso livre é simplesmente outro discurso."
Os defensores da obra também protestaram e a polêmica teve a participação de Salman Rushdie, o escritor anglo-indiano que passou a ser perseguido por religiosos iranianos depois de escrever outro livro conhecido, também sobre o Islã: "Os Versos Satânicos". Ele declarou: "É censura causada pelo medo e cria um precedente muito ruim." De sua parte, a Random House não nega o temor de represálias. Ela justificou-se dizendo que não queria incitar "atos de violência de segmentos radicais" e se disse preocupada com a segurança da autora, dos empregados, dos vendedores e de todos os envolvidos no processo de distribuição desse romance histórico.
"A Joia de Medina" é um livro bem escrito, que desde a primeira página consegue envolver o leitor e transportá-lo no tempo até a região onde nasceu o Islã. Apesar do fôlego jornalístico impresso à saga de A'isha, a autora não se furta a um tom lírico que, geralmente, está ausente em obras do gênero. Ela começou a pesquisa em 2002, atiçada sua curiosidade pela quantidade de reportagens sobre os muçulmanos publicadas depois dos ataques terroristas do dia 11 de setembro.
Ela mesmo, como mulher, acabou impressionada com a submissão das mulheres nos países islâmicos. A biografia de A'isha, uma das 12 mulheres e concubinas de Maomé, é simbólica, já que ela enfrentou suas limitações. Ainda, antes de morrer, Maomé entregou sua espada sagrada, toda coberta de pedras preciosas, conhecida como " al-Ma'thur " para a sua amada Aisha para ela usá-la na guerra santa que estava por vir, na jidah. Mais o que aconteceria se a jidah em questão fosse contra seu próprio povo?. Após 20 anos de luta e sacrifícios, caberia a Aisha preservar a fé e o futuro do seu povo. E isso ela fez, e muito bem! Por amor o seu generoso esposo. mais tarde, foi de espada em punho ao campo de batalha enfrentar os inimigos e chegou a ser conhecida como Mãe dos Pobres. Em uma das raras ilustrações que retratam Maomé com suas esposas, A'isha aparece em um plano inferior a Fátima, a filha de Maomé com sua primeira mulher, Khadija.
O curioso é que tanto ela como o profeta estão com o rosto coberto por véus - ao mostrá-los assim, os artistas muçulmanos evitavam que a representação do criador do islamismo pudesse parecer inexata ou sacrílega. O que dá um indicativo da importância dessa menina-mulher nas origens da religião Islámica
"É grande a força dessa mulher - a sua inteligência e a coragem, e mais, o seu senso de humor me atraiu imediatamente", disse a autora em uma de suas entrevistas. As cenas de alcova talvez sejam excessivas tratando-se de uma narrativa com tantos outros atrativos, mas diante da opressão feminina da época compreende-se a sua opção. Trata-se daquele tipo de livro em que é inevitável entender e torcer pela solidariedade que o autor mostra para com os personagens.
Para saber: Medina É uma das cidades sagradas do islamismo. Até 622, quando o profeta Maomé entrou na cidade e passou a morar nela, era conhecida como Yathrib também chamada de Iatreb. No ponto de vista histórico do Islã, esta foi a primeira cidade regida pelos princípios teocráticos do profeta Maomé.
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Uma história de amor censurada. Uma obra tão polemica e controversa quanto os «Versos Satânicos»- Washington Post
A tradução portuguesa de Portugal, está a partir de 1º de Julho nas livrarias portuguesas. Edição da Casa das Letras.
Um livro que gostaria de ler. Deve mostrar um islamismo tão diferente do que estamos acostumados hoje, de violência, seja contra a própria mulher, seja contra os outros povos. Acho que o mundo não deve ceder a essa violência, a essa "ditadura" religiosa, que censura até a livre expressão de outras nações.
ResponderExcluirCom certeza uma leitura quase obrigaroria... nao só pelo conteudo interessante, diferente, como um canto ao amor e a liberdade.... e fê religiosa que está cada vez mais beirando a intolerância e o fanatismo.
ResponderExcluirCom certeza uma leitura quase obrigaroria... nao só pelo conteudo interessante, diferente, como um canto ao amor e a liberdade.... e fê religiosa que está cada vez mais beirando a intolerância e o fanatismo.
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