
Uma celebração ao recolhimento
Em todas as civilizações antigas, orientais e ocidentais, há registros da importância das comemorações de Equinócios e Solstícios.
Quando estamos presentes em cerimônias como esta, damos oportunidade à nossa essência para se tornar Una com o Todo. Temos a oportunidade de transformar antigos ciclos em novos e podemos sentir tudo o que é vivo e que vibra, visível ou não.
A cada virada de estação, o nosso corpo muda. O Solstício de Inverno é o período em que nos recolhemos para nos fortalecer e criarmos forças em todos os níveis: físico, mental, emocional e espiritual. Este é o momento onde a nossa vigília deve ser redobrada, devemos reavaliar nossas decisões e nos prepararmos para o renascimento que acontecerá com a primavera.
NAS CULTURAS INDÍGENAS DA AMERICA DO SUL:
Ao lado dele uma enorme fogueira dá o tom místico à cerimônia. Willka Tata, Inti Tata! (Inti era o nome do pai, do Deus sol), que este ano haja boa colheita!, repete o amauta, para logo depois depositar a wajta (oferenda) sobre o fogo.
Soam os pututus.(instrumento musical parecido com uma trombeta) Os amautas despejam álcool sobre o fogo para que arda com intensidade. As ñustas (doncelas) cantam e as wiphalas (sacerdotisas) se agitam.
Ao redor do templo de Kalasasaya centenas de visitantes observam em silencio respeitoso.
É o prelúdio da chegada do deus Sol, um Novo Ano Andino. Em 2005 será o ano de 5513 segundo os amautas. Ocorre no amanhecer do dia 21 de junho como ocorre há uma centena de anos entre as 06.30 e 07.30 da manhã nas ruínas de Tiwanaku.
Quando saem os primeiros raios de sol os amautas pedem que todos os que estão presentes se dêem às mãos e as mostrem abertas ao céu para receber a energia positiva.
Centenas de mãos se elevam em direção ao sol. Mãos morenas e calejadas dos camponeses do vem de longe, do norte de Potosí que chegaram para a celebração, mãos brancas dos moradores locais, e delicadas dos visitantes estrangeiros.
Alguns entoam orações, outros se ajoelham, alguns tremem de emoção e há sempre aqueles que não conseguem conter as lágrimas. Os primeiros raios de Sol que surgem nas ruínas de Tiwanaku são considerados como energia positiva e também curativa.
Os pututus vibram e começam a soar as tarkas e zampoñas. Depois da emoção vem a alegria e com ela as danças no centro do templo de Kalasasaya.
A terra nos provê como uma mãe e temos que pagar por isto. Dentro da cosmo-visão andina, o homem não pode viver sem pagar á terra. Trata-se de uma filosofia de reciprocidade para se viver em harmonia.
O solstício não só se converte em um ritual onde se agradece a Pachamama (mãe Terra) por todas as bênçãos efetuadas durante o ano, como também se constitui em uma forma de convidar o deus Sol a participar das atividades que a comunidade realizará durante todo o ano.
Segundo os aymaras, o Sol fecunda e Pachamama germina.
O LADO CIENTÍFICO:
Tem sua origem no fato de que o indígena sempre utilizou a natureza como uma fonte de sabedoria para saber como viver.
O homem andino sempre considerou o movimento do sol, as correntes do vento e a época das chuvas para determinar o momento propício para obter alimentos.
Desde tempos imemoriais ele se valeu da observação da natureza para determinar quando é tempo de semear e quando é tempo de colher.
É por isso que o ritual do Ano Novo Andino compreende uma série de simbolismos que corroboram a inter-relação que existe entre o indígena e a natureza.
Além de significar um ato de ligação do homem com a natureza, a celebração do solstício de inverno é um símbolo de identidade cultural dos países andinos.
O ritual de solstício de inverno se constitui em uma cerimônia que consta de símbolos tanto quéchuas como aymarás, o que mostra a unidade étnica dos povos andinos.
Tiwanaku representa o lugar mais sagrado para os aymaras porque as ruínas da cidade representam a presença física de seus antepassados e é ali onde eles se sentem como uma só unidade e rendem homenagens aos Achachilas, aos Tunupas e às demais deidades que formam parte do mundo andino aymará.
Pode-se dizer que o solstício é o tempo em que o sol se encontra mais afastado da linha do Equador e, logicamente, mais distante de um dos hemisférios terrestres. No hemisfério sul ocorre próximo aos dias 21 de junho e 22 de dezembro de cada ano.
Assim como existem dois solstícios, também existem dois equinócios.
O equinócio é a época em que os dois pólos da Terra se encontram a igual distância do sol, o que permite que a luz solar incida de igual maneira em ambos os hemisférios. Os equinócios ocorrem próximos aos dias 21 de março e 23 de setembro de cada ano.
Ocorre que para a astronomia, o momento do solstício é definido como aquele em que o sol, visto da Terra, se encontra o mais distante possível do equador celeste e, portanto, isso quase nunca coincide com as primeiras horas da manhã quando os amautas celebram seus rituais e fazem suas oferendas.
Seria um ciclo de 500 anos, pois o cinco é um número espiritual na concepção andina. O dígito representa o quinto ponto, o do centro, na constelação do Cruzeiro do Sul (Pusi Wara) que rege o calendário andino.
De acordo com esse ciclo, a chegada dos primeiros colonizadores espanhóis a América em 1492 representa o início de um ciclo de desgraças. Em 1992 (quando fez 500 anos desse evento) começou um novo ciclo de bons presságios, o início de uma boa época para o mundo andino.
Mas alguns arqueólogos asseguram que não existe uma base científica nesse cálculo de datas. A cultura tiwanakota surgiu entre os anos 1500 e 1600 antes de Cristo. E se somarmos mais dois mil anos depois de Cristo, este grupo étnico teria no máximo 3500 anos.
Ótimo trabalho de pesquisa! Parabéns Ramiro! Você consegue se superar mais e mais... Com relação ao texto "Predadora"... Há mais coisas na internet do que pode supor a nossa vã filosofia. Beijão, da amiga Su
ResponderExcluirComo digo sempre... vivendo e aprendendo!! adorei..
ResponderExcluirbjs