
Escaravelhos (do latim ‘vulgar scarafaius’, variante de scarabaeus, pelo português antigo escaraveo) é a designação comum a insetos coleópteros e coprófagos (especialmente os que vivem de dejetos de mamíferos herbívoros), da grande família dos escarabeídeos (Scarabaeidae), os besouros pesados e coloridos, na qual se incluem besouros grandes e o famoso escaravelho sagrado (Scarabeus sacer), adorado pelos antigos egípcios. Existem cerca de 4 mil espécies de escaravelhos no mundo. As fêmeas de certas espécies (como as desse escaravelho sagrado) preparam uma bolinha de excremento (de esterco mesmo), às vezes cobertas de barro, na qual põem o ovo, e que enterram depois de empurrá-la a certa distância. Destes, existem os chamados besouros, dos grandes, que podem chegar a
Os egípcios, confundindo esse grão usado pelo besouro para sua alimentação com o grão de esterco, em formato de pêra, sobre o qual a fêmea punha o seu ovo e que ficava enterrado no solo até a época do choco, viam no escaravelho um símbolo do deus-Sol, que rolava a sua esfera pelos céus, todos os dias, de leste a oeste. Da bolinha de esterco saía um inseto vivo, aparentemente autoconcebido; do mesmo modo, a vida também fora criada pelo Sol, sendo que o deus-Sol, criador de todas as coisas, era, como o escaravelho, autoconcebido.
Para eles , esse era ‘Khepra’ o famoso escaravelho sagrado. O velho escaravelho morre, mas do ovo que fecundou sai outro escaravelho, como a alma se escapa da múmia e sobe para o céu. Deste modo , o inseto era, para os egípcios, o símbolo da vida que se renova eternamente a partir de si mesma. É interessante salientar que a palavra egípcia que significa “aquele que vem a ser” é homófona de escaravelho e este tornou-se símbolo do deus ‘ao vir a ser’, do Sol nascente, da recapitulação diária da criação. Aquele que levasse essa imagem para a tumba tinha certeza de renascer para a vida. O escaravelho era, assim, o amuleto preferido de vivos e mortos
Desta maneira, no Egito antigo, no tempo dos faraós e das pirâmides, os escaravelhos eram considerados sagrados e simbolizavam a imortalidade. Eram encontrados nas mumificações para proteger o morto no caminho para o Além.
Os arqueólogos que escavaram os túmulos de reis e nobres achavam constantemente uma enorme quantidade de amuletos, selos reais e anéis, todos em forma de escaravelhos, feitos em ouro, esmalte, lápis-lázuli e pedras preciosas.
O escritor Kurt Lange nos conta que os escaravelhos eram encontrados por toda parte, escritos junto com o nome de numerosos faraós, nas paredes das tumbas reais, nos túmulos dos particulares, nos templos, na superfície dos obeliscos, nas estelas.
No Império Médio [um dos reinos do egito faraónico] os peitorais e colares ornados com escaravelhos eram o orgulho das damas nobres. Alguns eram admiráveis, em ouro decorado com lápis-lazúli, cornalina e outras pedras preciosas. Os escaravelhos destinados aos mortos têm sua face inferior tratada com o maior realismo. Geralmente são escaravelhos-corações, amuletos de pedra dura que eram depositados no lugar do coração, no peito da múmia. Muitas vezes, o escaravelho está incrustado numa moldura retangular, fixada sobre o peito do morto. Tais amuletos foram encontrados também no tórax de certos animais sagrados.
Os escaravelhos egípcios estão hoje espalhados por todos os museus do mundo; há deles cerca de dez mil, somente da pedra verde chamada esteatita.
O escaravelho é também conhecidos como escarabeu, carocha, rola-bosta, capitão, coró, bicho-bolo e bicho-carpinteiro, e finalmente besouro.
A sabedoria popular encontrou até um significado para eles, nos Sonhos, Pois Sonhar com: Escaravelho ou besouro é sempre um bom sinal: Possibilidade de negócios, promoção no emprego ou dinheiro inesperado
Falando em sonhos, temos um caso interesante, nos anais da Psicologia:
--“O meu exemplo refere-se a uma jovem paciente que, apesar dos esforços feitos e ambos os lados, provou ser psicologicamente inacessível. A dificuldade residia no facto de ela saber sempre mais sobre tudo. A sua excelente educação tinha-a equipado com uma arma feita à medida para o efeito, um racionalismo cartesiano primorosamente refinado com uma ideia da realidade impecavelmente “geométrica”. Depois de várias tentativas frustradas de lhe adoçar o racionalismo com uma compreensão algo mais humana, tive de me reduzir à esperança de que algo inesperado e irracional acontecesse, algo que rompesse a réplica intelectual a que se tinha remetido. Bem, um dia, estava sentado em frente dela, de costas para a janela, ouvindo o fluxo da sua retórica. Tinha tido um sonho impressionante na noite anterior, em que alguém lhe tinha dado um escaravelho de ouro – uma peça de joalharia cara. Enquanto ela me estava a contar o sonho, ouvi qualquer coisa a bater suavemente na janela.
Voltei-me e vi que era um insecto voador bastante grande que batia de encontro à vidraça, na tentativa de entrar na sala escura. Isso pareceu-me estranho. Abri a janela imediatamente e apanhei o insecto no ar quando ele entrou. Era um besouro da família dos Escarabídeos, que ataca as roseiras, cuja cor verde-dourada se parece muito com um escaravelho de ouro. Entreguei o besouro à minha paciente com as palavras, “Aqui tem o seu escaravelho.” A experiência abriu a brecha necessária no seu racionalismo e quebro-lhe o gelo da resistência intelectual. Agora podia continuar o tratamento com resultados satisfatórios”.--
[O texto refere-se a um caso terapeutico, descrito por Carl Jung...e no contexto do post, procura referir a oposição consciência /inconsciente coletivo...no caso a jovem revelava-se excessivamente cartesiana e só perante este "milagre" do escaravelho que surge na sessão mas que previamente tinha surgido num sonho que ela descrevia, é que a sua fortaleza intelectual pode ser abalada e entrar noutros domínios que não o controlável pela razão...assim o texto parte de uma situação real...]
Que mais podemos aprender com os besouros? Veja isto aqui:
MIT se inspira em besouros para retirar água do ar
Como o besouro do deserto da Namíbia, um inseto nativo de uma das áreas mais secas do planeta, consegue água? Da leve névoa que aparece durante o amanhecer no deserto, o besouro coleta e armazena a água necessária para sua sobrevivência. Inspirados por esta idéia, Robert Cohen e Michael Rubner, professores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desenvolveram um material que é capaz de extrair líquidos da atmosfera e canalizar em uma área de armazenamento, assim como a casca do besouro.
O material é feito de um derivado de vidro ou plástico em várias camadas de polímeros carregados e nano partículas de silício. No caso do besouro, a água coletada fica guardada em bolas de
Apesar dos experimentos ainda estarem em fase inicial, o material hidrofílico/hidrofóbico pode ser testado de várias formas para obter resultados diferentes.
O MIT é um dos mais respeitados Institutos de Pesquisa de ponta no mundo inteiro.
(A primeira imagem acima é desse pequeno ‘cientista’ do deserto).
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