quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Marina T.S. Eliot

Estou revisando a tradução de um livro infanto-juvenil. É bom: começo depois do jantar e perco a hora. Só que hoje decidi abrir um vinho branco (também! com o calor que esta fazendo por aqui, e ninguém é de ferro...né?), bem o resumo é que não fiz mais nada. Aí resolvi traduzir este trecho de um dos meus poemas preferidos, "Marina", do T. S. Elliot. Já tinha feito isso antes, mais ficou um certa dúvida de leve... por causa dos termos náuticos. Acontece que agora eu adicionei mais um dicionário inglês-português sobre a mesa do quarto, e a revisão diminuiu minha preguiça de virar páginas atrás de palavras, o que altera todas perspectivas e prognósticos.

 

Normalmente traduzo direto..conforme vou lendo, vou escrevendo o resultado, manias de quem faz muita "Versão"..de vários textos... Encontrei também, por acaso uma outra tradução feita por alguém anteriormente:  (da minha tradução) esta é do Ivan Junqueira, e por último uma que achei na internet, de Paulo Franchetti e Eric Sabinson. Eu gosto de comparar (traduções) sempre que posso.

 

Só para vocês entenderem:  Marina aqui é o nome da filha de quem fala o poema ("eu-lírico", no segundo grau); de setembro a junho se passam nove meses; Marina é também o nome do local onde barcos ficam atracados.

 

Vejamos então:

 

Bowsprit cracked with ice and paint cracked with heat.

I made this, I have forgotten

And remember.

The rigging weak and the canvas rotten

Between one June and another September.

Made this unknowing, half conscious, unknown, my own.

The garboard strake leaks, the seams need caulking.

This form, this face, this life

Living to live in a world of time beyond me; let me

Resign my life for this life, my speech for that unspoken,

The awakened, lips parted, the hope, the new ships

 

 

Proa rachada pelo gelo e tinta rachada pelo calor.

Eu fiz isto, tinha esquecido

E me lembro.

O cordame frágil e a vela puída

Entre um certo Junho e outro Setembro.

Fiz isto sem saber, desatento, estranho, minha.

A carreira de tábuas faz água, as juntas precisam ser calafateadas.

Esta forma, este rosto, esta vida

Vivendo para viver em um mundo de tempo além de mim; se me permite

Ceder minha vida por esta vida, minha fala por aquela não dita,

O despertar, lábios abertos, a esperança, os novos navios

 

As outras versões que falei:

***

1)

O gurupés se parte contra o gelo, a pintura estala ao calor

Eu o fiz, e esqueci

E recordo.

A cordoalha frouxa e o velame em farrapos

Entre certo junho e outro setembro.

E o fiz inconsciente, semiconsciente, ignoto, meu.

O verdugo da carcaça faz água, as fendas reclamam o calafete.

Esta forma, este rosto, esta vida

Vivendo por viver numa esfera de tempo que me excede. Que eu possa

Renunciar à minha vida por esta vida, à minha fala pelo inexpresso,

O desperto, lábios abertos, a esperança, os novos barcos.

 

***

2)

O mastro da proa rachado pelo gelo e a pintura rachada pelo calor.

Eu fiz isso, esqueci

E me lembrei.

O cordame fraco e as velas apodrecidas

Entre um junho e outro setembro.

Eu fiz isso sem saber, semiconsciente, ignorado, meu próprio.

As tábuas de resbordo fazem água, as juntas precisam ser calafetadas.

Esta forma, este rosto, esta vida

Vivendo para viver num mundo de tempo além de mim; que eu possa

Renunciar à minha vida por esta vida, às minhas palavras pelo não dito,

O desperto, lábios separados, a esperança, os novos barcos.

 

--==o0o==--

 

Mas, T.S. Elliot é demais...nao acham? 

sou fá de carteirina dele.......!!

e, para finalizar, gostei mais da minha mesmo..

Bem, vocês  que discordem... ou concordem..... rsssss

 

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