
Depois da guerra, já nos anos vinte, ele passou muito tempo em Paris com outros grandes artistas, na avenida Montparnasse. A poesia francesa exerceu grande influência na obra de Eliot, em particular o simbolista Charles Baudelaire, cujas imagens da vida em Paris serviram de modelo para a imagem de Londres pintada por Eliot. Ele começou então a estudar sânscrito e religiões orientais, chegando a ser aluno de Gurdjieff.
A obra de Eliot, após a sua conversão ao cristianismo pela Igreja Anglicana, é frequentemente religiosa em sua natureza e tenta preservar o inglês arcaico e alguns valores europeus que ele julgava serem importantes. Em 1928, Eliot resumiu suas crenças muito bem no prefácio de de seu livro "Para Lancelot Andrews": "O ponto de vista geral (dos assuntos do livro) pode ser descrito como classicista na literatura, monarquista na política e anglo-católico na religião." Essa fase inclui trabalhos poéticos como Ash Wednesday, The Journey of the Magi, e Four Quartets. Ele ficou altamente religioso e místico aceitando a fé Anglicana de braços abertos, então Eliot faz um giro desde a desolação espiritual ate a esperança pela salvação humana, nas vias da fé religiosa
Seus primeiros poemas—"Prufrock e Other Observations" (1917), "Poems" (1920), e o exímio "The Waste Land" (1922)—expressam a angustia e as barreiras da vida moderna e o isolamento do indivíduo, o que reflete particularmente a falência afetiva no amor.
Em 1915 Ezra Pound, recomendou a publicação de "The Love Song of J.Alfred Prufrock". Embora o personagem Prufrock parecia tratar-se de um homem na meia idade, Eliot escreveu a maior parte do poema quando tinha apenas 22 anos. Os seus hoje famosos primeiros versos, que comparam o céu ao entardecer com "a patient etherised upon a table" (seria algo como "um paciente anestesiado sobre a mesa.") foram imediatamente alvo da crítica, ate foram considerados chocantes e ofensivos, ainda
mais numa época na qual imperava a poesia da época Georgiana, e suas derivações românticas do século XIX. O poema retrata uma experiência consciente de um homem, Prufrock, sob a forma de um "stream of consciousness" (figura de linguagem típica do modernismo, que consiste em mostrar por escrito o monólogo interior de um personagem). Prufrock lamenta sua inércia física e intelectual, as oportunidades que perdeu ao longo de sua vida e a falta de um progresso espiritual, recorrente da falta de um amor carnal que não conseguira atingir.
Os estudiosos não sabem dizer se as localidades descritas podem ser interpretadas tanto como experiências reais, lembranças, ou mesmo imagens simbólicas do subconsciente, como por exemplo no refrão "In the room woman come and go / talking about Miguel Angelo" -No quarto femenino vai e vem / falando sobre Michel Angelo-. Podemos observar também que, a estrutura do poema foi imensamente influenciada por Dante Alighieri. Há ainda referências a Hamlet de Shakespeare e outras tantas obras literárias: essa técnica de alusão e citação foi muito usada em toda a poesia posteriormente escrita por Eliot. Seus modelos foram os poetas Metafísicos, tal qual Dante, os dramáticos Jacobinos, e os simbolistas Franceses. Sua abrangência percorre desde o lado lírico ate o coloquial
Em outubro de 1922, publicou "The Waste Land" no jornal "The Criterion". Composto durante um período turbulento na vida do autor - seu casamento estava acabando, pois tanto ele quanto sua esposa Vivienne sofriam de uma tensão nervosa - este poema é muitas vezes lido como uma alegoria à desilusão experimentada pela geração pós-guerra.
Mesmo antes de "The Waste Land" ser publicado como livro (em dezembro de 1922) Eliot já havia se distanciado da visão desesperadora do poema: no dia 15 de novembro de 1922 escreveu ele para Richard Aldington "No que diz respeito a "The Waste Land", esse poema ficará no passado, pois agora estou trabalhando com formas e estilos diferentes", . A despeito da obscuridade do poema - que tem sátiras e profecias; mudanças abruptas de narrador, localidade e tempo; além de invocar uma vasta e dissonante gama de culturas e obras literárias - ele acabou se tornando referencial da literatura moderna, sendo considerado o reflexo e a influencia poética num outro romance publicada no mesmo ano: Ulysses, de James Joyce.
Entre seus muito famosos versos estão "April is the cruellest month" (referência ao fato que abril é o mês de recomeçar a plantar, e não há colheitas na Europa), "I will show you fear in a handful of dust" e "Shantih shantih shantih", (Sânscrito que deve ser lido pausadamente e de forma onamatopeica. Algo como "Xantir... Xantir... Xantir...". Shantih significa "paz" e uma súplica pela paz).
A obra de Eliot foi muito apreciada pela geração do trinta. Em certa ocasião W.H. Auden leu em voz alta todo este poema durante um encontro social. A publicação do esboço do poema em 1972 mostrava uma grande influência de Ezra Pound sobre a sua forma final. A parte IV, "Death by Water", fora reduzida de noventa e duas linhas para dez apenas, e com dez linhas foi publicado. Pound repreendeu Eliot por ter rasgado a maior parte do poema. Eliot o agradeceu por "incentivar-me a fazer as coisas do meu jeito".
The Hollow Men (1925) Publicada em várias partes e com vários títulos diferentes, a versão final de "The Hollow Men" data de 3 de março de 1925. O poema faz referências a diversas obras do próprio Eliot e, embora tenha grande densidade literária, muitos críticos o consideram somente como um post scriptum de excelente "The Waste Land".
Seu conteúdo é metafórico e de difícil interpretação, os seus estudiosos dizem tratar-se de um poema que filosofa sobre os aspectos da mente humana num contexto ora social, ora religioso. Trata ainda dos medos humanos, considerando-os "more distant and more solemn/than a fading star" (mais distantes e solenes/que uma estrela cadente) e mostrando que mesmo nos sonhos é difícil visualizá-los sem temor. São estes medos "Eyes I dare not meet in dreams/In death's dream kingdom" (olhos que temo encontrar em sonhos/e no reino de sonho da morte). Esses olhos são bem similares aos descritos na "A Divina Comédia", ao falar dos olhos de Beatriz.
Há ainda uma passagem que mostra um ritual dançante, "Here we go around the prickly pear" (andamos em torno da pêra espinhenta) que tem relação com os rituais missais, sendo a pêra a representação de um altar, sem ter portanto, centro exato, mas sendo o centro
Four Quartets (1943) O próprio Thomas Eliot considerava "Four Quartets" sua obra-prima, embora muitos críticos literários preferissem seus trabalhos anteriores. "Four Quartets" é baseado nos conhecimentos de Eliot nas áreas de misticismo e filosofia. O poema, na realidade consiste de quatro poemas longos, que foram publicados individualmente: "Burnt Norton" (1936), "East Coker" (1940), "The Dry Salvages" (1941) e "Little Gidding" (1942), cada um deles dividido em cinco partes. Embora seja difícil fazer comparações entre eles, nota-se que cada um tem uma descrição geográfica da localidade em seus títulos, todos especulam sobre a natureza do tempo, seja ela teológica, histórica ou física, e sobre a influência exercida pelo tempo nos humanos.
Além disso, cada um está associado a um elemento da Antigüidade clássica: ar, terra, água e fogo, respectivamente. Eles se aproximam nas idéias, de forma variável porém intercalada. Os poemas não esgotam seu questionamento e nem obtêm respostas suficientes às perguntas feitas. (agora, dá para entender porque é um dos meus favoritos?)
"Burnt Norton" (sobre o ar) questiona de que adianta considerar o que podia ter sido e não foi. Há nele a descrição de uma casa abandonada, e Eliot brinca com a idéia que todas essas possíveis realidades estão presentes simultaneamente, mas invisíveis para nosso olhos: todas as formas de atravessar o jardim se transformam numa vasta dança que não podemos ver, e crianças que não estão ali se escondem nos arbustos. Burnt Norton é uma casa de campo situada
"East Coker" (sobre terra) continua a examinar o tempo e seu significado, mas agora focando também na natureza da linguagem e da poesia. Saído da escuridão, Eliot fortalece a sua idéia de solução: "I said to my soul, be still, and wait without hope" (algo como "Eu disse à minha alma: fique quieta, e espere sem esperança"). East Coker é uma pequena vila, no sul do Reino Unido.
"The Dry Salvages" (pela água) trata do elemento água via imagens de rios e mares. Nesse poema, os opostos parecem se aproximar de forma impossível, como no barroco: "...the past and future/Are conquered, and reconciled" (algo como "...o passado e o futuro/são conquistados e reconciliados"). The Dry Salvages são um grupo de rochas com um farol para navios
"Little Gidding" (do fogo) é o mais antagonizado dos quartetos. As próprias experiências do autor como voluntário na equipe civil para anti-ataque aéreo durante a I Guerra dão força ao poema, e ele se imagina encontrando com Dante no meio do bombardeio alemão. O cenário mostrado no começo dos quartetos ("Houses../are removed, destroyed" ou "Casas../são removidas, destruídas.") haviam se tornado uma experiência cotidiana, o que cria uma série de imagens, entre elas a do amor: a força condutora de toda a experiência. O quarteto acaba então com uma frase de Julian of Norwich: "all shall be well and/All manner of things shall be well." ou "Tudo ficará bem e / Todo tipo de coisa ficará bem". Little Gidding é uma igreja localizada em Huntingdonshire, Reino Unido.

Minha frase favorita dele é:
“Só quem se arrisca a ir longe demais descobre o quão longe se pode ir”
Completíssimo! Até as características de suas principais obras você citou.E ainda comentou as principais.Parabéns!
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