domingo, 19 de outubro de 2008

Joanna D'Arc

Quero comentar o FILME – “Joana D'Arc” - de Luc Besson, eu gosto muito desta historia, que no final é verídica, e conta a saga da Padroeira da França!  esta semana assisti ... novamente!

Esta é uma historia VERDADEIRA,

terrível..e mostra mais uma vez os traumas e excessos de uma época dominada pela Inquisição...

O cenário:
O filme retrata a figura de Joana D’Arc, através de uma aventura estilizada e uma versão mais humanizada do mito em que se tornou a jovem de origem camponesa que conseguiu exaltar o nacionalismo francês, na luta contra os ingleses durante a Guerra dos 100 Anos.

Em 1412, nasce em Domrémy, França, uma menina chamada Joana (Milla Jovovich). Ainda jovem, ela desenvolve uma religiosidade tão intensa que a fazia ir até o padre ‘se confessar’ varias  vezes por dia. Eram tempos árduos, pois a Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra se prolongava desde o ano de 1337.

Naquela época, a França era um país curvado ao poderio inglês. Não era propriamente um país como hoje é conhecido. Constituía-se de vários feudos.  E foi numa aldeia ignorada até então que, em 1412 nasceu uma criança que se tornaria célebre era Domremy.  Já faziam muitos anos da guerra, porém a aldeia era bastante afastada e os rumores da guerra demoravam a chegar. Finalmente, um dia, Joana d'Arc tomou contato com os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram da sua aldeia e toda a família precisou fugir e se esconder.

Em 1420, Henrique V e Carlos VI assinam o Tratado de Troyes, declarando que após a morte de seu rei a França passaria a pertencer á Inglaterra.  Assim, os ingleses invadem o país e ocupam Compiègne, Reims e Paris, somente o rio Loire era o marco divisor que detinha o avanço dos invasores. Carlos o herdeiro natural do trono francês, e que,  ainda sem coroa é conhecido pelo título de “delfin”  foge para Chinon, mas ele deseja realmente ir para Reims, onde por tradição os soberanos franceses são coroados, mas como os ingleses dominam a região, isto se torna um problema.  Neste ponto da história surge Joana que, além de se intitular a "Donzela de Lorraine"  tinha uma determinação inabalável e dizia que estava em uma missão divina, para libertar a França dos ingleses. Desesperado por uma solução, o delfim resolve lhe dar um exército, com o qual ela recupera Reims, onde o delfim é coroado como Carlos VII. Mas se para ele os problemas tinham acabado, para Joana seria o início do seu fim.

Joana d’Arc foi uma das mulheres mais fortes e guerreiras que o mundo já conheceu.  Ao completar 13 anos a jovem passou a ouvir vozes. A primeira orientação feita pelas vozes à Joana foi de que a menina deveria permanecer virgem para obter a salvação de sua alma. Mais tarde as vozes passaram a orientá-la sobre política, dizendo que deveria coroar o príncipe herdeiro do trono, e salvar a França dos ingleses. Joana nasceu nem no ápice da chamada Guerra dos Cem Anos, conflito que se iniciou em 1337 e foi até 1453. A situação francesa era crítica tanto na política como na economia. A Igreja estava enfraquecida devido às limitações do papado, para sobreviver em meio aos poderosos a Igreja saiu em busca de alianças.

Foi assim que, a Igreja optou por aliar-se à Inglaterra, que até então era o pais mais forte. Para Joana e sua família, tais alianças significava o início de tragédias, já que o feudo onde estavam baseados os ingleses era vizinho de Lorena, onde se localizava o vilarejo de Domrémy. Com isso, as terras da família d’Arc passaram a sofrer constantes ataques. Na época em que o partido dos borguinhões se apossaram de vez de Domrémy, em 1428, Joana tinha 16 anos de idade. Com os conselhos das vozes santas na cabeça, decidiu que iria coroar o rei. Tinha consciência de que a paz só seria possível com uma França forte, e que o país só atingiria tal objetivo quando o delfim recebesse a coroa na catedral de Notre-Dame de Reims, conforme a tradição. Decidida, Joana convenceu o padrinho, um soldado aposentado, a acompanhá-la até a cidade de Vaucouleurs. Ela tinha o objetivo de persuadir o nobre Roberto de Baudricourt, chefe militar e senhor local, a lhe conceder um exército. No primeiro encontro, este se impressionou com a força e a coragem da jovem, mas não cedeu nenhuma tropa de imediato. Na espera de uma resposta favorável, Joana ficou vagando por Vaucouleurs. Nesse tempo acabou levando muito soldado na conversa.

Ao tomar conhecimento de que cada vez mais soldados juravam lealdade à Joana, Baudricourt não teve alternativa. Então Joanna D’Arc partiu para o castelo de Chinon, quartel-general do delfim Carlos (John Malkovich), juntamente com o duque de Anjou, com os cavaleiros que havia amealhado e com os soldados que Baudricourt finalmente lhe concedera. Ao chegar a Chinon, Carlos já havia sido informado sobre a jovem camponesa, “provavelmente uma louca”, que dizia ouvir vozes sagradas. Ficando meio receoso, ele permaneceu dois dias recluso, discutindo com a sua corte se deveria ou não recebê-la. A Protetora do delfim Yoland D'Aragon (Faye Dunaway) era a favor de ouvir e receber Joanna.  Por fim a jovem e determinada Joanna d’Arc convenceu Carlos de que estava ali com um propósito e que era digna de ser recebida por ele. Finalmente, o delfim concordou e equipou e abençoou Joana em sua Marcha até Orléans.  Chegando a Orléans, Joana intimou o inimigo a render-se. O entusiasmo dos combatentes franceses, estimulado pela estranha figura da menina-soldado, fez com que os ingleses recuassem, levantando o sítio da cidade. Em lembrança desse feito glorioso Joana d'Arc foi também chamada de a 'Virgem de Orléans' (Pucelle d'Orléans). O êxito aumentou o prestígio dela, inclusive entre o exército inimigo, e despertou a crença em seu poder sobrenatural. Realmente a coragem dessa heroína realizou o desejado milagre: ergueu o espírito abatido da França. Um sopro cívico atravessou a nação.
Ela consegui assim, unificar um pais, e exaltar o sentimento nacionalista, que foi um ingrediente vital para a posterior formação do Estado Moderno francês.

Em maio de 1429  Joana d’Arc estava pronta para sua missão, a de coroar o delfim, o que acabou acontecendo mesmo, em julho de 1429, Carlos recebeu a coroa do rei na Catedral de Notre-Dame de Reims. Com isso, Joana havia atingido seu objetivo maior, só que sua ambição militar não parou por ai. Partiu para Paris a fim de expulsar os ingleses de vez, e assim libertar a França; em setembro de 1429 invadiu Paris, onde foi derrotada, seus soldados partiram em retirada, mas seu espírito guerreiro resistiu. Joana foi capturada, levada para a fortaleza de Beaulieu e, logo em seguida, para o castelo de Beaurevoir. Tentou escapar de ambas as prisões, mas não obteve sucesso, Joana então, foi vendida pelos borguinhões por 10 mil libras aos ingleses. A facção dos Borguinhões, era do partido favorável ao duque de Borgonha, oposto aos Armagnacs e que durante a Guerra dos Cem Anos, era o partido do duque de Orléans, do qual um dos chefes era o conde Bernardo VII d'Armagnac, sogro do duque Carlos I d'Orléans. Aquele que foi coroado rei graças as campanhas de Joanna D’Arc.

Joanna presa, ficou a mercê dos ingleses, o ano seguinte, em 1430, foi levada a julgamento por um tribunal inglês, conduzido pelo bispo de Beauvais,  d.Pierre Cauchon. Todas as acusações eram, é claro!  de ordem religiosa: bruxa, herege, idólatra, entre outras. A prosão e o interrogatório, foi um martírio que durou seis meses, no final, foi declarada bruxa, seguindo os cânones esperados durante a famigerada Inquisição, e sentenciada a ser queimada viva.

Cumpriu-se então a sentença, Joana foi queimada viva em uma fogueira aos 19 anos de idade, na praça do Mercado Velho, em Rouen. Foi o fim da heroína francesa.

Só para completar: Os franceses indignados com o ocorrido enfrentaram furiosamente e decididamente os ingleses e acabaram derrotando-os em Formigny em 1450, ficando apenas a cidade de Bordeaux sob domínio inglês. Pouco tempo depois, em 1453, houve a Batalha de Castillon que devolveu finalmente aos franceses a cidade de Bordeaux quando foram definitivamente derrotados.  Com isso a França voltou a ser dos franceses....

A figura de Joana foi celebrada em centenas de obras de arte e muitas obras literárias. A Igreja canonizou-a por ato do papa Bento V, em 1920.  Santa Joana d'Arc é, com Santa Teresinha, padroeira da França.

No contexto geral e europeu, a Guerra dos Cem Anos não foi um fato isolado. O século XIV assinala a crise mais intensa da Europa, com o fim do feudalismo, em transição para o capitalismo, sendo marcado pela trilogia "guerra - peste - fome".  A guerra portanto, convive com as doenças, especialmente a chamada  peste negra, que vinha do Oriente trazida por mercadores italianos, que agiam intensamente desde que houve a reabertura do Mediterrâneo pelas cruzadas, ela provocou em poucos anos a morte de 1/3 (um terço)  de toda a população europeia. A fome foi uma consequência direta da devastação dos campos pela guerra e pela peste, afetando não só o feudalismo decadente, como também o capitalismo nascente, na medida em que limitava o consumo, para a nova economia de mercado.  O Fim dessa guerra então, marcaria o início do que é a Europa atual e assinava para sempre o futuro capitalista do continente Europeu. ....

Sobre o Filme:
Título Original: The Messenger: The Story of Joan of Arc ou apenas Joanna D’Arc
Gênero: Drama
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson e Andrew Birkin
Elenco: Milla Jovovich (Joana D'Arc), Dustin Hoffman (A Consciência),  John Malkovich (Charles VII), Faye Dunaway (Yoland D'Aragon),
Tchéky Karyo (Dunois) e outros.

3 comentários:

  1. Assisti a este filme duas vezes! Lindo post!

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  2. Vi o filme, duas vezes. Tentar entender esse enigma, que é Joanna e a guerra dos 100 anos.
    Só lembro que existia um único país com essa consciencia: a Inglaterra, provavelmente por ser uma ilha. O Rei inglês era frances, coisas das casas reais, e ele tinha direito de sucessão sobre o trono da França. Isso deve ter dado uma encrenca danada. Raelmente, a França emergiu de Joanna com a consciência de que era um País.
    Bom comentário tche.
    elo

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  3. Por isso eu gosto tanto dela, e não apenas como personagem,... foi um divisor de águas.. tanto para a Europa como para a Historia Universal

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