quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Pombo é uma Praga?

Quem nunca ficou naquela pracinha,  correndo, brincando, ou sentou no banco para conversar ou até paquerar, e  quase sempre com a presença destas dóceis aves, que geralmente são alimentadas por velhinhas e velhinhos que ficam ardorosamente jogando ás aves milho ou pipoca?

A imagem destas aves está associada ao símbolo da paz, associada com várias religiões, e ao amor, o que  torna os pombos, distante de ser considerada o que na realidade é: uma praga. Especialmente nos grandes centros urbanos onde existem em grandes números, essas aves podem causar danos à saúde, à outros animais caseiros e de estimação e ao meio ambiente.

Essas 'imagens' antes mencionadas, não pasam de ilusão poética, verbosidade fácil, alegorias de praxe..pois esta ave é tudo menos benéfica para nos seres humanos, e nossos cãezinhos e gatinhos tambem sentem os prejuizos que essas aves trazem...

Pois bem, os pombos têm muitas histórias para nos contar, e, infelizmente, se não os controlamos, eles também têm muitas doenças para nos transmitir... Hoje ele é considerado unanimemente pelos cientistas como um 'rato com asas'... tal o tamanho do perigo que eles representam.

O pombo é definitivamente, uma grande ameaça à saúde. As fezes das aves, uma vez secas, jogam no ar centenas de microrganismos altamente nocivos tanto à saúde humana quando à de cães, gatos e outros animais. Estes microrganismos são fungos, bactérias, protozoários e até vírus. Algumas doenças estão relacionadas exclusivamente com a presença dos pombos – a toxoplasmose, a criptococose e salmonellose são algumas (veja o quadro no final da matéria).

Quando a população dos pombos aumenta... e ela aumenta mesmo, pois seus predadores naturais, gaviões e falcões, são de habitat essencialmente campestre, e não é possível encontrar eles nas cidades, então o pombo prolifera livre de inimigos naturais, “Rompida a cadeia alimentar, a explosão de qualquer espécie é certa”, diz Talissa Geisel, chefe do Núcleo de Animais Sinantrópicos da Gerência de Controle de Zoonoses.

Quando isso ocorre, monumentos são prejudicados pela acidez das fezes; o mesmo acontece com a pintura dos carros, sem contar com as doenças transmitidas pelos excrementos das aves. Ademais, além das fezes, as penas dos pombos também transmitem piolhos, carrapatos e percevejos. Segundo Edwin Castillo, médico infectologista, “os grandes causadores [de doenças] estão nas penas ou nas fezes. O contágio é bastante fácil, basta inalar o ar perto das fezes, ou ficar perto de uma pena de pombo, por isso os pombos devem ser mantidos à distância”.

Variedades
Há no Brasil basicamente duas espécies de pombos: o pombo de coleira (Streptopelia risoria) e o pombo comum (Columba livia). É importante ressaltar que boa parte das espécies de pombos existentes no mundo são originárias da Europa, foi introduzida no Brasil no século XVI. São aves mansas, que se encontram em grande número nos centros urbanos, onde se adaptaram muito bem, devido a vários fatores, dentre eles a facilidade de encontrar alimento e abrigo.

Elas são, infelizmente, aves muito resistentes. Também são dotadas de uma enorme rapidez de vôo, de perfeito equilíbrio, de plumagem abundante com o intuito de oferecer menor resistência possível ao ar. Por isso, chegam a percorrer distâncias que variam de 90 a 4000 km. Sua média de vida é equivalente a nove anos. As fêmeas procriam seis vezes ao ano. Curiosidade: os filhotes são alimentados pelo chamado “leite de pomba” – uma substância protéica que é produzida dentro da mandíbula inferior da mãe, nutrindo seus descendentes.

Os pombos são utilizados hoje no mundo com três finalidades básicas: para o abate (comercialização da carne), para envio de mensagens (utilizada em lugares remotos) ou apenas por admiradores de pombos – os chamados columbófilos. E ainda para criação ornamental. Porém, existem também os pombos selvagens, ou silvestres, que vivem pairando e infectando as cidades de todo o mundo.

Pombos têm preferência por grãos e sementes; entretanto, como não são exigentes, comem também restos de refeição, pão e até lixo. No nosso clima, a reprodução da espécie acontece entre 5 e 6 ninhadas por ano!!  (1 ou 2 ovos por ninhada). O tempo de incubação dos ovos é de 17a 19 dias.

Agora, depois de tudo isso, a presença desta ave passa a não ser tão agradável... elas estão hoje mais para pragas, que para  enfeites na paisagem urbana...devido ao fato de poder conviver nos grandes centros urbanos sem predadores.

Pombos causam doenças infecciosas agudas e micoses:
Eis aqui a lista de doenças que esse animais transmitem:

            Criptococose - micose profunda, cujo agente etiológico, Criptococus neoformans, tem afinidade pelo sistema nervoso central. Os sintomas são: febre, tosse, dor torácica, podendo ocorrer também cefaléia, sonolência, rigidez da nuca, acuidade visual diminuída, agitação, confusão mental. São transmitidas através da inalação de poeira contendo fezes de pombos contaminadas pelos agentes etiológicos.

            Histoplasmose
- micose profunda, cujo agente etiológico, Histoplasma capsulatum, tem afinidade pelo sistema respiratório. Os sintomas que podem ocorrer variam desde uma infecção assintomática até febre, dor torácica, tosse, mal estar geral, debilidade, anemia, etc. São doenças oportunistas: o indivíduo pode ou não desenvolver a doença, dependendo de seu estado de saúde.

Ornitose - doença infecciosa aguda, cujo agente etiológico, Chlamydia psittasi, tem afinidade pelo sistema respiratório superior e inferior. Os sintomas são: febre, cefaléia, mialgia, calafrios, tosse.


            Salmonelose - doença infecciosa aguda, cujo agente etiológico, Salmonella typhimurium, tem afinidade pelo sistema digestivo. Alguns dos sintomas são: febre, diarréia, vômitos, dor abdominal. É transmitida através da ingestão de alimentos contaminados com fezes de pombos.


            Dermatites - são provocadas pela presença de ectoparasitas (ácaros) na pele, provenientes das aves e presentes também nas penas, especialmente aquelas soltas que costumam aparecer nos lugares que eles freqüentam


Além de doenças, causam outros problemas
Entupimento de calhas; apodrecimento de forros de madeira; danos a monumentos históricos, ferrugem e erosão em antenas de TV, em pintura de carros (devido à acidez de suas fezes); contaminação de grãos; e muitos acidentes aéreos (pombos que vivem revoando perto dos aeroportos) ou terrestres.
Como manter higienizado o local onde habitam
Na limpeza de parques, praças, forros, calhas ou qualquer outro local que apresente fezes, restos de ninhos, ovos e penas, devem ser usados sempre luvas e máscara ou pano úmido sobre o nariz e a boca. Nunca remover a sujeira a seco, para evitar a inalação de poeira. Proteja sempre os alimentos do acesso das aves.

Métodos de controle

Fonte:
Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo

Educativo - Baseia-se na orientação da população, alertando-a para que evite alimentar os pombos, pois tal hábito acarreta aumento exagerado do número de aves, com maior risco de transmissão de doenças e danos ambientais.  Isso é comum de assistir em pessoas simplórias e desinformadas.

Esterilização – Existe o Ornitrol, produto americano, é um inibidor da reprodução de pombos, mas pode também provocar a esterilização temporária de outros pássaros, caso haja uma utilização incorreta do produto. Recomenda-se sua utilização por técnicos da área pública, universidades e firmas especializadas em controle de pragas. Trata-se de milho coberto por uma camada de um quimioesterilizante, que impede a síntese da formação da gema do ovo, atuando também na espermatogênese. É indicado para cidades pequenas, e deve ser utilizado por um período de 2 anos para melhor se constatarem os resultados.

Barreiras físicas - Este método baseia-se na utilização de telas, fechamento das aberturas por onde as aves adentram, com alvenaria ou outro material resistente; colocação de fios de nylon (de pesca) a aproximadamente 10 cm da base e presos nas extremidades por um prego; uso de pontas de arame em locais altos onde não haja acesso de pessoas; mudança do ângulo de inclinação da superfície de apoio das aves para 60 graus; utilização de produtos importados da França ou Estados Unidos, cuja função é também uma barreira física.

Repelentes - Existem no comércio vários produtos, que são aplicados sobre telhados, beirais, etc. com o objetivo de afastar as aves do local. Sua ação se baseia no desconforto provocado pelo contato das aves com a substância, o que as faz se afastarem do local.

Todos os métodos de controle possuem suas vantagens e desvantagens; entretanto, o que se recomenda é a utilização de medidas integradas a fim de se obterem melhores resultados.

9 comentários:

  1. Já sofri por causa de entupimento de calhas, entupimento efetuado por pombos, seus ninhos....

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  2. Vale lembrar que os pombos que mais carregam doenças são os pombos domésticos, comuns nas cidades, e que foram introduzidos da Europa como vc citou no texto. Há no entanto diversas outras espécies de pombas nativas do Brasil, algumas de ambientes rurais e cerrados e outras restritas às florestas úmidas. Estes pombos nativos não carregam doenças e não causam danos como os introduzidos.

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  3. Aqui onde moro eu os combato,. mas infelizmente a casa ao lado da minha está abandonada...e as aves parecem 'saber' disso.. É lá que eles estão se aninhando..e pelo fato de terem ate 4 ninhadas por ano... simplesmente, elas estão aumentando.

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  4. Não consegui encontrar referências sobre essas aves nativas do Brasil......

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  5. São pelo menos 22 espécies de pombos e juritis nativos do Brasil (família Columbidae). Os mais comuns nas zonas rurais de grande parte do país, em especial o sudeste, é o pombo-asa-branca (Patagioenas picazuro), a rolinha-roxa (Columbina talpacoti), a fogo-apagou (Columbina squammata), etc, etc..

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  6. Obrigado pela informação,valeu brother!

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  7. Existem sim predadores de pombos nas áreas urbanas. E isso é cada vez mais constatado, pois o ambiente natural de gaviões e falcões é cada vez mais degradado e os animais são obrigados a procurar uma nova estadia. O problema é que não existem tantos gaviões, falcões na cidade, que sejam capazes de controlar a população de pombos através da sua dieta. Exemplos de predadores comuns, bastante comuns em cidades são: Carcará, Gavião-carijó, Quiriquiri, Falcão-de-coleira, sovi, carrapateiro...

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  8. A contaminação da toxoplasmose não se dá exclusivamente pela presença de pombos. Os pombos estão entre a lista de animais que podem ser contaminados pelo parasita, logicamente é uma preocupação exacerbada pois a população destes nas cidades só vêm aumentando, mas estão na lista (e criticamente são os maiores meios de contaminação) os gatos, cães...

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