quinta-feira, 23 de abril de 2009

D.H. Lawrence

David Herbert Lawrence, chamado entre muitas coisas de: O Poeta Indecente,  mais conhecido como D. H. Lawrence.   Nasceu em 1885 - e faleceu doente em 1930

Pelo papel que conferiu à paixão amorosa, às vezes em meticulosas descrições das relacoes amorosas e especialmente o amor físico, o britânico D. H. Lawrence causou polêmica em sua época, porém mais tarde passou a ser visto como um dos renovadores da prosa no século XX.

 A sua Obra estende-se a praticamente todos os géneros literários,  tendo publicado novelas, contos, poemas, peças de teatro, livros de viagens, livros sobre arte,  crítica literária, traduções  e cartas pessoais.

Numa forma abrangente, sua obra expõe uma longa reflexão sobre os efeitos 'robotizantes' da modernidade e da  industrialização. Os temas que Lawrence abordou tornaram a obra importantíssima para a compreensão de uma  época influenciada por Freud e por Nietzsche.

Sua obsessão por mulheres, sexo e amor revelou-se desde cedo, e conseguiu traduzir esses temas numa obra literária magnífica.

Desde seu primeiro romance, em 1911 "O pavão branco", Lawrence mostra-nos o amor como uma força da natureza, as paixões como redemoinhos que envolvem os fracos seres humanos, e, na maioria das vezes, as mulheres carregando o destino dos casais.

As mulheres de Lawrence são decisivas para a existência dos homens, de forma positiva ou não. Elas são, segundo ele, o angelical e o animal da natureza encarnados no humano.

Já em 1913 com Sons and Lovers (Filhos e amantes), quase autobiográfico, chamou a atenção. Lançou no mesmo ano seus Love Poems and Others (Poemas de amor e outros).

O encanto com um par de seios
Ao perder a mãe, Lydia Lawrence, em 1910, o escritor sentiu-se tão inconsolável a ponto de romper com a noiva, Jessie, alegando que ninguém poderia "possuir sua alma", que fora dada à mãe. Esse radical estado de espírito irá mudar quando Lawrence encontrar Frieda, uma aristocrata prussiana, casada e com 3 filhos, em 1914.

Os dois apaixonam-se. Ela larga o marido e as crianças, e o novo casal vai para a Prússia, onde se casam. Frieda era uma loira de olhos verdes, e a opulência dos seus seios encantava Lawrence, que escreveu "entre esses seus seios é meu lar".

Tranqüilizado pelo amor, em 1914 Lawrence publica "O arco-íris". Esse mesmo ano Depois de The Prussian Officer and Other Stories (O oficial prussiano e outras histórias), começaram os problemas de Lawrence com a censura: o romance The Rainbow  (O arco-íris) que foi proibido na Inglaterra como sendo uma obscenidade, pois  a crítica classificou-o de "nauseabundo". A polícia apreendeu os exemplares do livro por ordem de um tribunal. O livro foi considerado obsceno, apesar de não conter uma única palavra de "baixo calão". Até o editor desculpou-se por haver publicado o livro. Eram os efeitos da puritana Inglaterra ainda sob a influencia da era vitoriana,  embora já eram os inícios do Seculo XX...

Essa repressão, somada aos horrores da primeira guerra mundial, fortaleceu em Lawrence a convicção de que os "valores" da civilização ocidental subjugavam os instintos vitais do ser humano, tese que desenvolveu em vários ensaios e no romance Women in Love (1920; Mulheres apaixonadas), mais tarde apontado pela crítica como uma das obras-primas da literatura inglesa.

O fundamental e o elementar
Lawrence julgava que o sexo era o nosso ser fundamental. Isso está claramente expressado em seus livros. No Arco-íris ele se coloca numa trama em que os personagens agem acima das convenções sociais, livres dos tabús impostos pela 'sociedade', e conforme seus desejos.

As paixões não escolhem gênero ou faixas etárias em seus romances. Assim, a jovem casada e grávida torna-se amante da professora de música, e a mulher madura apresenta o sexo para o adolescente. Certo, só que, tudo isso era demais para o início do século na Inglaterra. Lawrence recusava-se a assumir a postura do pornógrafo, publicando livros com pseudônimo para um público essencialmente masculino e com finalidades apenas de excitação sexual. Agindo assim, ele estava discutindo a sociedade humana e denunciando os grilões impostos pela mesma

Lawrence caminhava para escrever um grande romance erótico, mas antes deste ápice criou outra obra prima, "Mulheres apaixonadas", em que dois casais são confrontados diante dos dilemas da paixão e um deles fracassa, por não poder encarar de frente sua sexualidade como principal meta. O escritor achava que ninguém escapa a esse confronto essencial. Lutar contra os preconceitos, tabus, e aceitar a natureza livre e poderosa da própria sexualidade.

A partir de 1921, o desejo de abandonar a Europa aumentou, e Lawrence embarcou em uma peregrinação em busca de sociedades mais livres e naturais. As viagens à Austrália e ao México lhe inspiraram respectivamente Kangaroo (1923; Canguru) e The Plumed Serpent (1926; A serpente emplumada), mas a fascinação pela natureza dessas terras alcançou sua melhor expressão na sensualidade dos poemas de Birds, Beasts and Flowers (1923; Pássaros, feras e flores).

Em 1928, já na Europa novamente e morando em Florença, Lawrence publicou seu mais célebre romance, Lady Chatterley's Lover (O amante de Lady Chatterley), que conheceu sucessivas proibições e cortes... e cujo texto completo só veio ao público em 1959, em Nova York!. A obra recria as relações entre uma aristocrata inglesa, casada com um aleijado, e um empregado seu, ao mesmo tempo em que defende a liberdade sexual, ataca frontalmente as convenções sociais.

O sexo é legal no jardim
Vivendo na Toscana, perto de Florença, onde instalou-se com Frieda, Lawrence nos brindou com "O Amante de Lady Chatterley" é a história de Constance Reid, uma bela mulher que se casa com Clifford Chatterley, um oficial inglês. Após a lua de mel ele é convocado para a frente de batalha da Primeira Guerra. Retorna inválido, numa cadeira de rodas.  Sir Chatterley é um homem refinado e compreensivo. Vendo a situação da jovem esposa, autoriza-a a encontrar um amante que ela "deseje de todo o coração". Inicialmente Constance opta pela castidade, mas com o tempo se interessa por Oliver, empregado da mansão, que vive numa cabana no terreno que circunda a propriedade.   Oliver é baixo, feio e rude, mas tem para ela a força da natureza. Ao encontrá-lo para transmitir ordens do marido, acaba por entregar-se a ele. Suas relações com o empregado são arrebatadoras. A irmã de Constance tenta levá-la a Paris para que esqueça o amante. Mas ela volta mais apaixonada. E então passam a fazer amor sob a luz da lua, no jardim. Ele diz, de forma rude, que é seu fodedor. Ela adora a rude palavra, e ele diz que não há vergonha nisso. 

O desfecho se dá com Oliver deixando o emprego para trabalhar em outra cidade, em Sheffield. Constance descobre que está grávida e confessa ao marido. Este chega a imaginar que o filho pertence a Duncan Forbes, um pintor que eles haviam hospedado. Ela sente horror por ter um marido tão conformado  e abandona a casa para refugiar-se junto à família.

Essa foi apenas a primeira das 3 versões que o romance teve. Nas outras, ele descreve toda a força do amor sexual dos dois com uma intensidade crua, embora elegante, sem usar de palavrões, ou coisa assim. Constance chega a refletir sobre o pênis do amante com as seguintes palavras: "Sim, num homem verdadeiro, o pênis tem vida própria, e é quase como um outro homem dentro do homem." 
Foi proibido na época e passou a circular clandestinamente sendo finalmente publicado na versão completa anos depois nos EUA, em Nova Iorque

Lawrence glorifica a alegria dos corpos durante o sexo, o que para ele é um das leis eternas da natureza.

Se dermos uma passada sem preconceito por sua obra, veremos que não há imoralidade ou obscenidade alguma. Tudo não passa de incompreensão. O sexo, presente em quase todos os romances, é algo extremamente natural entre personagens que possuem grandes afinidades. Em seus textos, o sexo não é o fim, mas algo que faz parte da vida de qualquer pessoa normal que se relaciona com o seu semelhante. O sexo é encarado como algo do cotidiano, e não algo que deva ser ocultado e ignorado.

Vejamos: A paixão, o amor, os conflitos, os sofrimentos, as alegrias humanas são retratadas em inúmeras obras literárias. Então porque também não retratar juntamente com tudo isso a sexualidade também?. Ou a sexualidade não tem importância alguma na formação de nosso caráter?  Tem que ser reprimida. castigada?. escondida?

Oras!..É justamente essa repressão que leva as pessoas para doenças terríveis, como a demências e os distúrbios de comportamento, e que são os motivos principais para o aparecimento de outros tantos males mais horrendos.

Por que despir os personagens de sexualidade? Para D. H. Lawrence, a sexualidade era importante para dar vida aos seus personagens.

Desta maneira, para este grande autor inglês, o importante era que o homem viva conforme seus desejos e anseios, acima das convenções sociais. Aquele que reprime seus desejos em nome da "moral e dos bons costumes"  nunca será alguém plenamente feliz. O sexo nunca deve ser usado como forma de repressão, e sim como forma de libertação. É baseado nesses preceitos que toda a sua obra se fundamenta. Se para alguns isso é obscenidade, a culpa não é do autor. E sim do leitor, que interpreta errado... O leitor pode errar sim, baseado talvez em sua própria educação repressora, machista e castradora. Ele apenas não dava a mínima para as convenções morais.

Os livros dele são um convite à viagem no meio da intimidade de seres em luta com a "moral" estabelecida, presa à constantes conflitos com as autoridades e a sufocação da expressão mais aberta, dentro dos costumes europeus do início do século passado...


2 comentários:

  1. Eu cheguei a me apaixonar pelo D. H. Lawerence. Li todos os livros dele e o que mais me tocou foi Sons and Lovers.
    abraço

    ResponderExcluir
  2. Isso!... conta a dramática vida familiar de um homem saturado do seu trabalho nas minas de carvão, O personagem, Morel, transforma-se num homem rude que vive alcoolizado o que deixa desiludida a sua esposa. Desgostosa com o comportamento do marido e com a sua vida, acaba por depositar nos seus Filhos todas as suas esperanças e anseios, principalmente no seu filho Paul que se sente dividido pelo conflito entre o amor e o sentimento de posse.

    ResponderExcluir