domingo, 9 de janeiro de 2005

Gilgamesh


Hoje quero compartilhar com vocês algumas lembranças minhas.

E falar da Saga de Gilgamesh... uma das historia mais antigas...que eu saiba, do mundo...

É de uma sutileza, de uma grandeza de nuances, de uma variedade.... E antes de você me perguntar eu digo: essa historia é mesmo a mais antiga do mundo, pois foi escrita na Antiga Suméria, contando a saga do Rei de Uruk, e situada na época entre 2750 e 2500 AC e chegou ate nossos dias através de 12 tabuletas de barro com escrita cuneiforme, encontradas pelos arqueólogos, na região de antiga Sumeria, hoje o Iraque.

O dia em que ouvi acerca da uma tal Lenda do dilúvio antes do dilúvio, eclodiu uma discussão a esse respeito entre eu e um dos meus amigos.
O amigo em questão via freqüentemente e passávamos, às vezes, a noite inteira tentando decifrar o sentido das velhas lendas e dos provérbios.
Esse amigo não era outro senão o arcipreste da catedral militar de La Plata, o Padre Bocsh, o homem que, em breve, se tornaria meu primeiro mestre, o criador e autor de minha individualidade atual ou, dito de outro modo, a terceira face de meu Deus interior.
Na noite dessa discussão, estávamos sentados tranqüilamente num canto, ele e eu, escutando nessa noite, a lenda do herói babilônico Gilgamesh e explicava sua significação.
A discussão surgiu, quando terminou o livro denominado “canto XXI” dessa lenda, em que certo Ut-Napishtin conta a Gilgamesh a destruição, pelas águas, da terra de Shurupak.
Depois de ter feito uma pausa eu disse que essa lenda remontava, aos sumérios, povo mais antigo ainda que os babilônios, e que ela estava, certamente, na origem do relato do dilúvio da Bíblia dos hebreus e na origem da concepção cristã do mundo, só os nomes haviam sido trocados, bem como certos detalhes em lugares diversos.
O Padre Bocsh fez, imediatamente, objeções, apoiando-se com numerosos dados contrários e a discussão não tardou a se acalorar, a ponto de esqueceremos da hora de dormir.
Estávamos de tal modo interessados nessa controvérsia, que ficamos imóveis até a hora em que, ao raiar da aurora, pusemos fim ao debate.

Assim, o canto XXI da Saga de Gilgamesh foi tantas vezes repetido nessa noite, que ficou gravado em minha memória por toda a vida. Dizia-se :

Revelar-te-ei, Gilgamesh,
Um triste mistério dos Deuses;
Como se reuniram um dia
Para decidir submergir a terra de Shurupak.
Eya dos olhos claros, sem nada dizer a Anu, seu pai,
Nem ao Senhor, o grande Enlil,
Nem àquele que esparge a felicidade, Nemuru,
Nem mesmo ao príncipe do mundo subterrâneo, Enua,
Chamou para perto de si seu filho Ubaretut
E disse-lhe: "Filho, constrói um barco com tuas mãos,
Toma contigo teus próximos,
E os quadrúpedes e as aves de tua escolha,
Pois os Deuses decidiram irrevogavelmente
Submergir a terra de Shurupak."

Essa discussão sobre tal tema, produziu, graças aos dados depositados em mim durante minha infância pelas fortes impressões que dela recebi, resultados benéficos para a formação de minha individualidade. Disto só tomei consciência, aliás, muito recentemente, desde então, esses resultados nunca cessaram de ser para mim o fator espiritualizante de que falei.
O choque inicial que, através de minhas associações mentais e emocionais, desencadeou essa tomada de consciência foi este simples fato:

Pois bem, um dia, li numa revista um artigo onde se dizia que haviam sido descobertas, nas ruínas de Babilônia, certas tabuletas com inscrições que datavam de pelo menos quatro mil anos, segundo os sábios. A revista reproduzia as próprias inscrições e dava delas uma tradução - era a lenda do “meu” herói Gilgamesh.
Quando compreendi que se tratava dessa mesma lenda, que tantas vezes ouvira em minha infância e, principalmente, quando encontrei nesse texto, sob forma quase idêntica à do relato que já conhecia, esse famoso “Verso XXI”.ou canto, fui tomado de forte "pasmo interior", como se, daí por diante, todo o meu destino fosse depender disto. Por outro lado, estava tocado pelo fato, ainda inexplicável para mim, de que essa lenda pudesse ter sido transmitida durante milhares de anos, por gerações de ashokhs (sacerdotes sumerios) , sem que a forma tivesse sido alterada.
Depois desse evento, quando os benéficos resultados das impressões depositadas em mim desde a minha infância, pelos relatos em questão, se me foram finalmente tornados evidentes — resultados que cristalizaram em meu ser esse fator espiritualizante, capaz de abrir-me à compreensão do que parece, em geral, incompreensível - lamentei muito freqüentemente haver esperado tanto para dar a essas antigas lendas a enorme importância que verdadeiramente possuem, como me dou conta hoje em dia.

Em tempo: esta Saga também nos fala do Código de Hammurabi, do qual pretendo falar mais, e que era nada mais que uma serie de Regras e Leis para o dia-a-dia nessa Região da Sumeria, situada entre os rios Tigris e Eufrates, (Hoje o Iraq e parte do Irá) e que foi utilizado ate pelos antigos Babilônios. Estas famosa tabuletas foram encontradas escritas na linguagem dos Acádios, nas ruínas da biblioteca de Ashurbanipal, Rei da Asiria (669-633 A.C.), em Níneve

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