Marshal Berman divide a vida moderna em 3 fases. A primeira, se estenderia do séc.XVI ao XVIII, período das navegações comerciais e coloniais e de transformações radicais na estrutura social européia.
A segunda fase teria início na onda revolucionária de 1790, com a revolução francesa e a independência dos EUA demarcando uma época em que as pessoas "partilham o sentimento de viver em uma época revolucionária, de explosivas convulsões em todos os níveis da vida, mas se lembram de como é viver em um mundo não totalmente moderno." Para Berman é nessa época que se desdobra a idéia de modernismo e modernização ancorada nessa sensação dominante de viver em dois mundos simultaneamente.
A terceira fase da vida moderna aconteceria no século XX, com a principal característica de o processo de modernização ter abarcado virtualmente todo o mundo e de que, apesar dos enormes triunfos na arte e no pensamento, a vida moderna "perde muito de sua nitidez, ressonância e profundidade e perde sua capacidade de organizar e dar sentido à vida das pessoas."
Embora Berman sublinhe o século XX como época em que o processo de modernização atinge todo o mundo, é evidente que a expansão marítima do século XV (época do Descobrimento) fará os continentes recém conquistados serem atingidos pelo projeto moderno, seja através da conquista e colonização direta da Europa, seja menos incisivamente, com o crescimento das relações comerciais e a introdução mais lenta de valores, usos e costumes vindos da Europa.
O Brasil emerge no panorama mundial como colônia a serviço da modernização das nações européias, cujas regras, na época, seguiam o pensamento mercantilista. Assim sendo, sua estruturação estará sempre permeada pela idéia da modernidade desde seu surgimento, o que tornará bastante confusa a compreensão dos termos modernidade, progresso e desenvolvimento no decorrer de sua história. O que parece se evidenciar é o fato de que, se na Europa, a modernidade e a modernização são resultados de mudanças estruturais internas, de uma evolução da qual tanto o povo quanto as elites concorrerão para sua conformação, na América Latina, a modernidade se incorporará como um marco zero na vida do continente que a princípio não tinha nem nobres nem feudos para refutar. A modernidade, enquanto iminência histórica, atinge a América mudando toda sua estrutura e civilizações e, enquanto projeto de civilização, como um ideal de evolução a ser atingindo pelos trópicos.
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