Emily Dickinson nasceu em Amherst, em 10 de Dezembro de 1830, perto de Boston, uma das regiões de raízes mais conservadoras dos Estados Unidos, e morreu no mesmo local, em 1886. Viveu e Escreveu fora dos círculos literários de seu tempo. De família abastada e solteira por convicção morou auto-exilada dentro de casa por mais de vinte anos.
Só fez uma viagem para fora de sua casa: a Boston e Filadélfia e para tratar de problemas de visão, nessa viagem Emily conheceu Charles Wadsworth, um clérigo de 41 anos. Alguns críticos creditam a Wadsworth, como sendo o alvo de grande parte dos poemas de amor escritos por Emily.
Emily Dickinson não chegou a publicar os seus versos, pelo menos não com seu nome, ao invés disso, conseguiu publicar menos de 10 deles de forma anônima. Sua voz era uma voz estranha em meio aos 'padrões' poéticos da época, e por essa razão ela teve de encarar em vida incompreensão da sua enorme e brilhante veia poética. Por não se submeter aos rígidos padrões de discrição e modos simples de expressão, que se esperava então de uma mulher. Apos a sua morte, e ao arrumar o quarto de Emily, sua irmã Lavinia encontrou uma gaveta cheia de papéis desarrumados. Eram cadernos feitos á mão e folhas soltas com uma grande quantidade de poemas inéditos. Mais de 1700. Disposta a divulgar a obra da irmã, Lavinia contatou um crítico literário, Thomas Higginson, medíocre e de mente estreita, que já conhecia a obra de Emily, pois durante trinta anos renegou todos os versos que Emily lhe submetera, e uma obscura escritora, Mabel Todd, que os últimos cinco anos havia freqüentado a casa da poetisa, falava com os parentes, porém, nunca chegou a sequer vê-la. Dessa improvável união de forças, e com a insistência da irmã Lavinia, surgiu finalmente a publicação póstuma de alguns de seus poemas, seguida em pouco tempo de diversas outras edições, tal foi a excepcional acolhida que tiveram. Anos mais tarde, em 1955, o crítico e biógrafo Thomas H. Johnson reuniu numa edição definitiva todos os seus 1.775 poemas reconhecidos. Daí em diante a obra de Emily Dickinson passou a ser conhecida e reverenciada por uma crescente legião de críticos e leitores exigentes. Sua escrita poética, ambígua, irônica, fragmentada, aberta a várias possibilidades de interpretação, antecipa, sob muitos aspectos, os movimentos modernistas que se sucederiam depois de sua morte. Essa instigante poesia, nascida na solidão e no anonimato, porem impregnada dos mais profundos valores humanos, dá hoje a Emily Dickinson um merecido e imortal lugar no cânon literário universal.
Sua vida discreta e misteriosa desafia até hoje os estudiosos de sua obra. Sua poesia possui uma liberdade sintática única, é densa e paradoxal como sua vida. Em sua enigmática literatura, criou um idioma poético próprio, desprezando as fórmulas ou a regularidade convencional. Ela é um desafio para os Tradutores
Todos seus versos constam da coletânea "The Complete Poems of Emily Dickinson", editada por Thomas H. Johnson, Cambridge, Mass (EUA), 1955.
Estes trechos, aqui mencionados mostram um pouco disso:
Primeiro Ato é achar,
Perder é o segundo Ato,
Terceiro, a Viagem na procura
Do “Velocino Dourado”
Quinta, nem Tripulação —
Por fim, não há Velocino —
Falso — assim também — Jasão.
Quando é dita —
Dir-se-ia —
Pois eu digo
Que ela nasce
Neste dia.
=-=-=-=
Noites Loucas — Noites Loucas!
Estivesse eu contigo
Noites Loucas seriam
Nosso luxuoso abrigo!
Ventos — são coisas fúteis —
Bússolas — dispensáveis —
Portulanos — inúteis!
Navegando em pleno Éden —
Ah, o Mar!
Quem dera — esta Noite — em tú
Ancorar!
N.T. o termo portulano é aplicado a qualquer coleção de instruções náuticas e Mapas
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