Sim!, todos nós conhecemos alguém cuja companhia nos agrada a ponto de querermos prolongá-la tanto quanto possível. Pode ser o recém-nascido ou um filho de qualquer idade, a avó ou uma tia muito querida, namorado novo, nova, etc. E, sem dúvida nenhuma, um animal daqueles para quem "estimação" é pouco. No caso de hoje, um cão....Só neste espaço, como a Internet para descrever todo o prazer e alegria de se ter um cão como companhia leal a toda prova, em todos os instantes possíveis, e não apenas no recesso do lar.
Quantos profissionais têm o privilégio de poder contar com seus cães em pleno ambiente de trabalho, inclusive até ajudando na inspiração ou no trabalho mesmo? Os músicos estão entre eles, a julgar por uma frase do bem lembrado Bob Dylan: "As melhores canções são compostas na varanda, quando o sol bate e um cachorro dorme do lado de nós" Dos artistas plásticos quase nem seria necessário falar, como o pintor inglês Francis Barraud, que um belo dia, quando resolveu retratar um cãozinho que procurava saber de onde vinha a música que tocava em uma gravação, acabou criando um dos mais famosos logotipos do mundo, o da "Voz do Dono" ( o logo da RCA, no caso). E nem precisamos viajar tão longe na geografia, ou no tempo, ou para ateliês e varandas; aqui mesmo no Brasil, ao nosso lado, em plena rua, temos aqueles heróis pioneiros da ecologia, da reciclagem e da economia informal que são os carroceiros, muitos dos quais fazendo questão de repartir o que têm, seja muito ou nem tanto, com seus cães.
Vou contar aqui sobre um carroceiros do bairro da Mooca, é Jânio Laurindo Libório, de 37 anos. Libório é carroceiro profissional – até porque ele tem mesmo registro na Prefeitura - há oito anos... Ao sair para recolher material nos quarteirões entre as míticas ruas da Mooca e adjacências, ele não dispensa a presença de Puppy e Magrão - ou, melhor, são eles que não o dispensam. "Sair com eles é divertido, e eles tomam conta da minha carroça." Mas sem truculência, com fineza digna de policiais ingleses: "Eles são dóceis, não mexem com ninguém." Podemos acrescentar que são bons atletas: "Eles nem gostam de subir na carroça." Puppy e Magrão ajudam Libório há quase três anos, e um dos seus antecessores foi o saudoso Totó, cuja perdição, lembra Libório foi uma paixão ainda maior que carroças: as motos. "Ele gostava tanto de correr atrás de motos que um dia correu demais e sumiu..."
Totó é minoria entre os cachorros de carroceiros, e talvez possa ser comparado a certos homens que não podem ver rabos-de-saia ou às ‘marias-gasolina’ da vida.... Puppy e Magrão aparentemente estão sendo criados por Libório com mais experiência, a julgar pela recente declaração do cantor e apresentador de televisão Ronnie Von à revista Contigo: "O cachorro tem um amor incondicional, ele gosta de você e ponto final. A gente vê cães acompanhando carroceiros. E, se você aparecer num Rolls-Royce, ele vai preferir ficar com o carroceiro."
E já que antes de falar sobre carroceiros falamos sobre a relação dos cães com músicos e pintores, lembremos também que há poucos anos, em 2007, os carroceiros foram inspiração para uma exposição de arte justamente intitulada Carroceiros, promovida pela ARPA (Apreciação, Reflexão e Produção Artística), ONG paulistana dedicada ao ensino gratuito das artes, terapias artísticas e defesa e preservação do meio ambiente. Uma das obras desta exposição, do artista plástico paulistano Max Bueno, é resumida pelo jornalista e professor de Artes Visuais Oscar d'Ambrosio, curador da mostra, como oferecendo uma "delicada solução imagética ao retratar os cães que geralmente acompanham os carroceiros".
O assunto é tão longo quanto interessante. Para terminar, lembremos que carroceiros não são privilégio de nenhuma cidade. Por exemplo, em Belo Horizonte, e a partir do ano 2000, todo Primeiro Domingo de setembro está oficializado como o Dia do Carroceiro. "bão demais da conta, uai"! Sem dúvida, E eu acrescentaria que, criar agora um Dia do Cão de Carroceiro também não me parece má idéia.
Gostei. Os cães são realmente muito fiéis
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